sĂ¡bado, 8 de julho de 2023

Powkiddy V90 | Um GBA melhor que o GBA original. Ou serĂ¡ que nĂ£o?


Em 2019, alguns meses antes do estouro da pandemia, publiquei por aqui uma breve anĂ¡lise do BittBoy, que foi meu primeiro emulador portĂ¡til e remete muito ao formato e cores do primeiro Game Boy. De lĂ¡ pra cĂ¡, o mercado desse tipo de produto mudou muito.

É atĂ© curioso que testemunhei o nascimento de alguns - pra nĂ£o dizer vĂ¡rios - canais e sites especializados em fazer a cobertura destes dispositivos. Hoje hĂ¡ emuladores portĂ¡teis para todos os bolsos e gostos, que vĂ£o desde os mais simples modelos de entrada com sistemas baseados em OpenDingux atĂ© os mais parrudos, com construĂ§Ă£o premium e com sistemas Android. Pois Ă©.

Um dos produtos que acabei comprando influenciado pelo hype foi o baratinho Powkiddy V90. Ainda em 2023 ele segue como uma opĂ§Ă£o de entrada no mercado, pra quem deseja jogar algumas coisinhas de plataforma e aĂ§Ă£o. Mas nĂ£o recomendo pra RPGs de Game Boy Advance. O motivo? Vem comigo que vocĂª vai descobrir.

Especificações

No mercado desde 2020, este simpĂ¡tico aparelho dedicado a emulaĂ§Ă£o tem especificações bem similares Ă s do BittBoy, a começar pelo processador Allwinner F1C100S e 32MB de RAM. A tela IPS LCD tem trĂªs polegadas e resoluĂ§Ă£o 320x240. Destaque para o formato da carcaça, remete muito ao GBA SP. Os gringos chamam o formato de clamshell, enquanto pra mim Ă© sĂ³ abre e fecha mesmo.

O V90 tem alguns upgrades em relaĂ§Ă£o Ă s gerações anteriores de emuladores portĂ¡teis, a começar pelo conector de carga, agora USB-C e controle de volume realizado por uma rodinha na lateral. AlĂ©m dos botões tradicionais A, B, X e Y, traz tambĂ©m L1, L2, R1 e R2 - nĂ£o que vocĂª vĂ¡ usar todos os gatilhos, mas entro nisso em um prĂ³ximo tĂ³pico.

Pra finalizar as especificações, a bateria tem 1020MAH, o que rende no mĂ¡ximo 2.5 horas de gameplay. Um ponto importante Ă© que a bateria Ă© do modelo BL-5C, relativamente popular e fĂ¡cil de encontrar em sites nacionais e internacionais. Ela Ă© removĂ­vel - ao contrĂ¡rio da maioria dos concorrentes do V90.

O que roda

Com sistema baseado em OpenDingux, o V90 tem capacidade de rodar basicamente qualquer console desde o Atari 2600 até o Super Nintendo, mais alguns consoles como PC Engine, NeoGeo, muitos títulos de arcade e pouquíssimos jogos de PlayStation 1.

AliĂ¡s, vou ser bem claro aqui. Tanto o cartĂ£o de memĂ³ria quanto o sistema que jĂ¡ vem de fĂ¡brica no V90 nĂ£o vĂ£o te atender por muito tempo. O primeiro Ă© de pĂ©ssima qualidade e pode falhar a qualquer momento, jĂ¡ o segundo carece de otimizaĂ§Ă£o. Eu recomendo fortemente a compra de um novo cartĂ£o de memĂ³ria e troca de sistema - em breve farei uma postagem falando mais sobre isso, a propĂ³sito. 

Com a firmware original, alĂ©m de menos opções, o emulador de Super Nintendo nĂ£o tem algumas camadas de transparĂªncia, outros tĂªm screen tearing… Acredito que deixei claro o meu ponto.

A firmware alternativa traz, alĂ©m de aplicações otimizadas e corrigidas, alguns extras, como jogos portados para o OpenDingux e muitos emuladores adicionais – se bem que hĂ¡ alguns de qualidade duvidosa, entre eles o de Pico-8, que estĂ¡ lĂ¡ sĂ³ por estar, mas nĂ£o funciona.

No que se propõe a rodar e com o sistema correto, o V90 tem um desempenho aceitĂ¡vel pelo preço. Em comparaĂ§Ă£o com o BittBoy, o screen tearing Ă© inexistente. 

Em questĂ£o de desempenho, a ressalva Ă© em relaĂ§Ă£o ao PS1. A maioria dos tĂ­tulos Ă© praticamente injogĂ¡vel. Os que rodam precisam de um frameskip bem alto pra ficar minimamente jogĂ¡veis, mas a experiĂªncia Ă© sofrĂ­vel. DaĂ­ a minha opiniĂ£o de que os botões de ombro extras, no caso L2 e R2, estĂ£o no conjunto simplesmente por estarem. 

Considero a bateria o Ăºnico ponto negativo, jĂ¡ que ela Ă© bem pequena. Se a ideia for jogar por longos perĂ­odos, recomendo levar junto um powerbank pra dar aquela facilitada na vida. 

GBA

E a minha decepĂ§Ă£o Ă© o GBA. O Game Boy Advance tinha uma tela de resoluĂ§Ă£o 240×160 e proporĂ§Ă£o 3:2. Enquanto o Powkiddy V90 tem uma resoluĂ§Ă£o de 320x240 e proporĂ§Ă£o 4:3. Na prĂ¡tica, se vocĂª busca o V90 pra jogar RPGs de GBA, nĂ£o Ă© uma boa compra.

Os textos ficam com um aspecto estranho quando se joga em tela cheia, e pra evitar esse problema dĂ¡ pra colocar o emulador rodando os joguinhos com a proporĂ§Ă£o de tela original. E o resultado Ă© um game com uma tela minĂºscula.

Pra jogos de plataforma ou qualquer outro tipo de retrogame onde texto nĂ£o faz tanta diferença (ou simplesmente se vocĂª nĂ£o liga de ver a fonte um pouco estranha na tela), o V90 pode ser uma opĂ§Ă£o a se considerar.

Preço

Meu tĂ³pico favorito. No Aliexpress Ă© possĂ­vel encontrar o Powkiddy V90 na faixa de R$ 200, mais o frete. JĂ¡ o meu saiu por aproximadamente R$ 175 na Shopee. Levando em conta que vocĂª vai precisar comprar outro cartĂ£o de memĂ³ria, uns R$ 250 devem fechar a conta. Na minha opiniĂ£o Ă© um bom preço.

Considerações finais

Pra um emulador portĂ¡til de entrada, o Powkiddy V90 Ă© bem decente. Melhor que o GBA SP original? NĂ£o. O formato dele, de concha, Ă© bem bonitinho. Sei que no Brasil a grana que a gente tem pra supĂ©rfluos/eletrĂ´nicos costuma ser curta, mas se vocĂª tem como objetivo jogar os RPGs antigos, coloca um pouco mais de grana na poupança e se prepara pra um Anbernic RG35XX ou um Miyoo Mini Plus, ali na faixa dos 350-400 reais.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Segundatina: Teamfight Tactics





Estamos em tempos de isolamento social (pelo menos alguns de nĂ³s), e, em um paĂ­s continental como o Brasil, isso significa que muitos pequenos provedores de internet sofrem com sobrecarga. É muita gente usando a internet o tempo todo para muitas coisas, o que causa lentidĂ£o e afeta, principalmente, o tempo de resposta em jogos online.

Comigo vem ocorrendo exatamente a situaĂ§Ă£o descrita acima. Meu provedor nĂ£o dĂ¡ conta de muitos usuĂ¡rios "pendurados" e o tempo de resposta, tambĂ©m conhecido como ping, vai Ă s alturas. Uma soluĂ§Ă£o que encontrei para manter a jogatina online foi o Teamfight Tactis, o que acabou me inspirando a Segundatina desta semana.

O que Ă©

Teamfight Tactics Ă© um auto battler lançado em junho de 2019 pela Riot Games, desenvolvedora e publicadora de League of Legends. Basicamente, um auto battler Ă© um xadrez com personagens. Oito jogadores sĂ£o colocados em uma mesa onde existe um nĂºmero limitado de peças Ă  venda. Cada peça tem caracterĂ­sticas Ăºnicas como classe ou raça, dano fĂ­sico ou mĂ¡gico, e recebe bĂ´nus de sinergia se estĂ¡ no tabuleiro com outra peça que faz parte de um mesmo grupo prĂ©-determinado. Ganha quem construir o melhor conjunto de personagens, derrotar os outros oponentes na mesa de xadrez e restar no final.

O gĂªnero auto battler surgiu na China, assim como o novo coronavĂ­rus, e se espalhou rapidamente pelo mundo. O primeiro a ser publicado foi o Dota Auto Chess, em janeiro de 2019. Foi um mod com personagens de Dota 2 nesse tabuleiro de xadrez automĂ¡tico e virou uma febre.

Teamfight Tactics (TFT) Ă© exatamente a mecĂ¢nica de auto battler, mas com personagens e itens de League of Legends. Ele Ă© gratuito para começar, e vocĂª pode investir uma grana comprando o passe que libera itens cosmĂ©ticos como arena, um raio finalizador e avatares.

O vĂ­cio

Como falei na introduĂ§Ă£o desta coluninha, pra mim TFT foi uma forma de continuar jogando online "de galera" e sem ter a experiĂªncia comprometida. Como a batalha Ă© automĂ¡tica, pra mim Ă© indiferente se os milissegundos de resposta estĂ£o em 30 ou 300 (ou atĂ© mais que isso). SĂ³ sinto o lag afetar nas rodadas em que todos os jogadores da mesa vĂ£o pra uma roleta escolher personagens com itens, mas, como a escolha ocorre de baixo pra cima da tabela e hĂ¡ uma ordem, nem assim o atraso atrapalha a estratĂ©gia.

E o game acabou me tomando umas boas horas. HĂ¡ um modo ranqueado, e foi nele que decidi investir. Quando se entende as sinergias entre personagens, conjuntos e todos os bĂ´nus, TFT deixa de ser o bicho de sete cabeças que parece Ă  primeira vista. AliĂ¡s, no TFT vocĂª ganha pontos se ficar entre os quatro primeiros colocados e perde se ficar entre os quatro Ăºltimos. Na questĂ£o de ranking nĂ£o hĂ¡ muito segredo.

Onde jogar

Teamfight Tactics estĂ¡ disponĂ­vel para PC dentro do client de League of Legends, de forma gratuita. TambĂ©m pode ser jogado em dispositivos Android e iOS de forma gratuita.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Dia de DR: Vamos falar sobre pandemia

Foto: ReproduĂ§Ă£o/Freepik
O assunto nĂ£o poderia ser outro. Vamos falar de pandemia e fim do mundo. Pra ser sincero com quem quer que esteja me acompanhando, onde quer que esteja lendo este texto, meus picos de ansiedade aumentaram muito nas duas Ăºltimas semanas.

O meu dilema Ă© o mesmo de boa parte da populaĂ§Ă£o: a gente mal tem grana pro mĂªs, pras despesas como Ă¡gua, luz, internet, que dirĂ¡ para aguentar ficar sem salĂ¡rio durante uma pandemia. E aĂ­ vocĂª se vĂª entre a espada e a espada, porque na perspectiva a curto prazo Ă© morrer de fome ou de Covid-19. AliĂ¡s, nem os nossos governantes sabem o caminho. Pra eles Ă© "foda-se a saĂºde" ou "foda-se a economia", sem meio-termo, sem conciliaĂ§Ă£o.

Agora, somando isso Ă  enxurrada de informações (em sua maioria falsas), a ansiedade e angĂºstia começam a andar de mĂ£os dadas e devorar o cĂ©rebro de qualquer ser humano minimamente consciente.

Enquanto escrevo estas linhas, lembro de algumas obras pĂ³s-apocalĂ­pticas que apreciei hĂ¡ alguns bons anos. A que mais me marcou foi The Last of Us (2013), jogo originalmente lançado para o PlayStation 3. AliĂ¡s, Ă© engraçado como a maioria das obras relacionadas ao fim do mundo abordam sĂ³ o "depois". Sem parar pra pesquisar, Ă© difĂ­cil lembrar algo que mostre o "durante" ou "antes".

Talvez The Walking Dead (2003) se aproxime disso, jĂ¡ que o protagonista, Rick Grimes, começa a ver a coisa, entra em coma e quando acorda o mundo "acabou", e tanto HQ quanto a sĂ©rie de 2010 focam na sobrevivĂªncia durante o "depois".

É difĂ­cil responder ao "fim do mundo" quando ele estĂ¡ começando. Talvez por isso seja raro, ou impossĂ­vel, encontrar obras de entretenimento que abordem isso. Acredito que nĂ£o devo ser o Ăºnico com um profundo desejo de que ocorra um salto temporal, para que possamos analisar os erros e acertos da crise.

Qual a dificuldade de reconstruir a economia depois do fim do mundo? Se ele jĂ¡ acabou mesmo, o que vier Ă© lucro. Mas enquanto o mundo nĂ£o acaba, o que podemos fazer? Quem seguir? AĂ­ estĂ¡, nĂ£o tem uma receita pronta. E fica cada vez mais difĂ­cil manter a sanidade.

Se vocĂª, assim como eu, tambĂ©m estĂ¡ repleto de dĂºvidas por conta da pandemia, atĂ© aqui este texto provavelmente nĂ£o estĂ¡ sendo nenhum alento. Mas vamos lĂ¡, o mundo jĂ¡ passou por duas guerras mundiais, por epidemias de H1N1, Ebola, Peste Negra, e uma sĂ©rie de outras desgraças. E, para os cristĂ£os, o dilĂºvio.

Tudo isso, e o mundo continua aqui. NĂ£o estou, de forma alguma, minimizando os estragos da Covid-19. Estou colocando em pauta que outros estragos aconteceram, outras situações colocaram a civilizaĂ§Ă£o como conhecemos em xeque. Talvez o mundo que a gente conhecia tenha de fato acabado, e o pĂ³s-pandemia seja a reconstruĂ§Ă£o da sociedade. O que podemos fazer Ă© tentar continuar seguros, sĂ£os e vivos. E tambĂ©m debater sobre o assunto. Que tal deixar sua opiniĂ£o nos comentĂ¡rios?

sĂ¡bado, 1 de fevereiro de 2020

2020: o ano do Multiverso Convergente

Sejam bem-vindos mais uma vez, leitores e leitoras que estĂ£o em busca da convergĂªncia do multiverso. CĂ¡ estou mais uma vez para anunciar novos planos ao blog, e cravo que 2020 vai ser o ano do Multiverso Convergente.

A partir de hoje, postagens vĂ£o surgir de forma esporĂ¡dica por aqui - bem, Ă© uma frequĂªncia maior do que a do ano passado. Como forma de assumir um compromisso com vocĂªs, carĂ­ssimos leitores, elaborei um pequeno cronograma semanal de postagens com colunas e outros tipos de atrações. Assim como todos os meus trocentos blogs criados anteriormente, o Multiverso surgiu como um projeto pessoal, pra passar o tempo, mas tenho a intenĂ§Ă£o de me dedicar um pouco mais e ter uma conexĂ£o com gente que consome o mesmo tipo de conteĂºdo que eu, ou seja, com os pseudo-eclĂ©ticos da internet.

O que esperar

Pois bem, vamos ao pequeno cronograma do blog:


  • Segundas-feiras: o retorno da Segundatina, coluninha onde pretendo indicar jogos que possam servir de passatempo e que podem (ou nĂ£o) exigir o mĂ­nimo possĂ­vel do cĂ©rebro.
  • Terças-feiras: surge a coluna "TĂ´ de Folga". Como Ă s terças nĂ£o trabalho, serĂ£o dias em que pretendo trazer algum tipo de conteĂºdo falando sobre como aproveitar o tempo livre e tambĂ©m quero abrir lives em um futuro canal na Twitch.
  • Quartas-feiras: quarta serĂ¡ o "Dia de DR" no blog. Tenho alguns artigos "pra refletir" jĂ¡ engavetados, e começarei a trazĂª-los por aqui.
  • Quintas-feiras: serĂ£o dias de reviews de conteĂºdo que consumo esporadicamente, sejam jogos, filmes, livros, sĂ©ries, animes, enfim, o que der na telha.
  • Sextas-feiras: inicialmente o objetivo Ă© publicar uma sĂ©rie de vĂ­deos "Scramble Challenge" de PokĂ©mon. Explico mais sobre o desafio em breve - quem sabe no primeiro vĂ­deo.
  • SĂ¡bados: o retorno dos contos. Tenho alguns jĂ¡ escritos e quero continuar a sĂ©rie Mitty, entĂ£o o cronograma Ă© meio que eu me forçando a fazer.

O cronograma pode mudar?

Claro que sim! NĂ£o Ă© necessariamente ruim a ideia de que algo pode mudar, mas todos estamos em constante processo de evoluĂ§Ă£o, entĂ£o Ă© natural que algumas propostas sejam aprimoradas ou atĂ© descartadas. O ponto de estabelecer um cronograma Ă© basicamente eu dizendo a mim mesmo que devo levar essa bagaça a sĂ©rio pra justificar o valor que pago anualmente pela renovaĂ§Ă£o de domĂ­nio.

Por enquanto Ă© sĂ³

ApĂ³s essa publicaĂ§Ă£o, espero trazer o mĂ­nimo de qualidade e regularidade nos posts aqui pro blog. E que 2020 seja de fato o ano do Multiverso Convergente. Retorno ainda hoje com a continuaĂ§Ă£o das CrĂ´nicas Mitty! 

segunda-feira, 24 de junho de 2019

SerĂ¡ se vale a pena? | Bittboy


Videogames portĂ¡teis voltados exclusivamente Ă  emulaĂ§Ă£o de consoles antigos nĂ£o sĂ£o novidade no mercado. Posso citar aqui como principal expoente disso o Dingo A320, que em 2019 completou dez anos de lançamento. Nessa dĂ©cada, aliĂ¡s, o mercado foi inundado com uma enxurrada de portĂ¡teis chineses com praticamente a mesma proposta do Dingoo. Entre eles estĂ¡ o Bittboy, que Ă© vendido lĂ¡ fora por aproximadamente 50 dĂ³lares e promete emular atĂ© jogos de PlayStation. É com a anĂ¡lise deste produto que vamos inaugurar o “SerĂ¡ se vale a pena?”, novo quadro do Multiverso Convergente. Vem comigo pra descobrir nos prĂ³ximos minutos se vale ou nĂ£o a pena gastar alguns dinares no produto.

Primeiro vamos Ă  curta histĂ³ria do Bittboy. Lançado em meados de 2018, o primeiro Bittboy era voltado a emular jogos de Nintendinho. Ele tinha carcaça muito similar ao Gameboy DMG, porĂ©m era bastante colorido. Lotado de jogos questionĂ¡veis e sem possibilidade de troca de arquivos, a primeira versĂ£o do portĂ¡til nĂ£o foi lĂ¡ um sucesso de vendas.
New Bittboy V2 - Foto: Multiverso Convergente

Algum tempo depois foi lançado o New Bittboy. Mantendo o mesmo formato do anterior, agora com cores que remetiam ao Gameboy original, ele trazia um firmware atualizado, entrada para cartĂ£o de memĂ³ria e possibilidade de rodar jogos de Nintendinho, Gameboy e Gameboy Color. Foi aĂ­ que o portĂ¡til começou a ficar famoso, pois os fabricantes enviaram dezenas de unidades a youtubers e influenciadores digitais para analisarem o produto, atĂ© entĂ£o barato e de qualidade.

NĂ£o demorou muito atĂ© que fosse lançada outra revisĂ£o do hardware, o New Bittboy V2, modelo que tenho em mĂ£os atualmente. NĂ£o vou continuar me estendendo muito por aqui, mas depois dele ainda saĂ­ram as revisões V3 e V3.5, e jĂ¡ foi lançado o Pocket Go, sucessor espiritual do Bittboy com visual inspirado no RS-97 e botões L e R.

Como eu falei no começo do post, emulaĂ§Ă£o em portĂ¡teis nĂ£o Ă© uma novidade, ainda mais em gadgets chineses. Mas o Bittboy lembra demais o Gameboy, e por isso acabou caindo nas graças do pĂºblico. Some isso ao fato de que, a partir da V2, alguns desenvolvedores portaram o Dingux para o console, e temos aĂ­ uma bela de uma compra por menos de R$ 300. Ao menos Ă© o que todo mundo esperaria, nĂ©?
O Bittboy Ă© menor que meu HD Externo - Foto: Multiverso Convergente

Com proporções ridiculamente pequenas e tela de 2.4 polegadas e resoluĂ§Ă£o 320x240, o Bittboy tem quatro botões de aĂ§Ă£o, sendo eles A, B, TA e TB. Ele tambĂ©m tem um botĂ£o multifunĂ§Ă£o que deixa acessar as opções dos emuladores, direcional, start e select. E quando eu falo em proporções ridiculamente pequenas, Ă© porque de fato o portĂ¡til Ă© minĂºsculo. Ele Ă© menor que meu HD externo, por exemplo, e tem uma bateria pequena tambĂ©m, de 700Mah, proporcionando no mĂ¡ximo trĂªs horas de jogatina contĂ­nua.

No conjunto vendido atualmente, levando em conta o firmware mais recente atĂ© a publicaĂ§Ă£o deste texto (a versĂ£o 3.9), o Bittboy roda emuladores de Game Boy, Game Boy Color, Game Boy Advance, NES, Super NES, Master System, Mega Drive, 32X, SG1000, PC Engine, Arcade (Mame), Neo Geo, WonderSwan, PlayStation, DOS e PokĂ© Mini. Acredito que nĂ£o esqueci de nenhum emulador aqui e, fora eles, ainda hĂ¡ alguns jogos que foram portados para o console, como Cave Story, Doom, Quake e Streets of Rage Remake.

Desempenho

NĂ£o quero atropelar tĂ³picos, mas diria que, pelo preço, o Bittboy Ă© bem decente. Dentre os emuladores que citei, ele tem bom desempenho na maioria. Os problemas ficam na emulaĂ§Ă£o do Nintendinho, Super Nintendo, PlayStation e 32X. Os dois Ăºltimos sĂ£o realmente bem pesados e nĂ£o hĂ¡ o que fazer para melhorar. JĂ¡ o Super Nintendo nĂ£o Ă© de se espantar que tenha um desempenho ruim por aqui, fora que o portĂ¡til nem tem botões suficientes para rodar essa plataforma.
O visual dos jogos na telinha fica impressionante - Foto: Multiverso Convergente

Mas me surpreendeu muito negativamente o desempenho sofrĂ­vel em jogos de Nintendinho. Tive uma experiĂªncia pĂ©ssima em alguns jogos como Mega Man II, por exemplo, que tem vĂ¡rios sprites aparecendo o tempo todo na tela. NĂ£o dĂ¡ pra entender como houve uma regressĂ£o nesse sentido, jĂ¡ que a primeira versĂ£o do Bittboy sĂ³ rodava jogos de NES, e fazia isso muito bem, por sinal.

TambĂ©m me surpreendeu, de forma positiva, a emulaĂ§Ă£o do Mega Drive. Funciona de forma perfeitamente fluida, mesmo em jogos como Streets of Rage, que exigem bastante do console. Neo Geo tambĂ©m roda de forma ok, isso nos jogos que rodam. JĂ¡ a emulaĂ§Ă£o do Mame Ă© complicada pra mim atĂ© em computador, entĂ£o aqui nĂ£o esperava que fosse diferente, o que significa que, se vocĂª estĂ¡ procurando um portĂ¡til pra emular jogos de Ă¡rcade, definitivamente o Bittboy nĂ£o Ă© para sua pessoa.

Problemas

Novamente falando de preço, a fabricante do Bittboy teve que fazer alguns sacrifĂ­cios pra poder tornar o emulador portĂ¡til o rei do custo-benefĂ­cio. A gente sente esses sacrifĂ­cios na pele, pois cada versĂ£o tem um problema crĂ´nico, e isso vai desde a V2 atĂ© o recente Pocket Go.

Vamos começar com o problema que vocĂª vai encontrar em todas as versões do Bittboy desde a 2, que Ă© um fenĂ´meno chamado lĂ¡ fora de screen tearing. NĂ£o consegui pensar em uma traduĂ§Ă£o exata para o portuguĂªs, mas isso ocorre porque a tela do portĂ¡til roda com taxa de atualizaĂ§Ă£o em 30Hz, enquanto os jogos sĂ£o programados para rodarem em 60Hz. O que acontece, entĂ£o? É comum vocĂª ver na maioria dos jogos, principalmente de plataforma ou luta, listras diagonais na tela. E em jogos com movimentaĂ§Ă£o muito rĂ¡pida, com bastante sprites na tela, Ă© mais comum ainda ver os sprites quase “derretendo”. NĂ£o afeta o desempenho dos jogos, mas Ă© um bug visual muito chato, e que atĂ© agora nĂ£o foi corrigido.

Um bug presente apenas na V2 Ă© chamado lĂ¡ fora de ghost Keys. Esse problema ocorre ao pressionar, simultaneamente, o direcional para baixo e os botões A e TA. O console meio que reconhece essa combinaĂ§Ă£o como se vocĂª estivesse apertando o botĂ£o de reset e abre o menu do emulador, nĂ£o importa qual esteja rodando. É muito frustrante, principalmente em jogos de luta.

Na V3 e 3.5 o ghost key foi consertado, porĂ©m li diversos relatos da tela preta da morte. Como nĂ£o hĂ¡ botões dedicados para aumentar ou diminuir brilho e volume, vocĂª faz isso usando Select e apertando A e B (para volume) ou TA e TB (para brilho). Em alguns casos, se vocĂª colocar o brilho no mĂ­nimo a tela simplesmente apaga e nĂ£o liga mais.

JĂ¡ no Pocket Go ocorre o light bleed, que Ă© o vazamento de luz da LCD. Novamente um defeito visual, mas tambĂ©m Ă© muito frustrante. Some isso ao screen tearing e vocĂª terĂ¡ uma experiĂªncia muito desagradĂ¡vel. Por falar nisso, o Pocket Go tem desempenho exatamente igual Ă s versões anteriores do Bittboy. É o mesmo hardware, apenas com formato diferente.

Pra concluir, vamos falar de bateria. Acho que usei demais a palavra frustrante, mas ela cabe aqui tambĂ©m. NĂ£o hĂ¡ um aviso do sistema de quando a bateria estĂ¡ fraca. O LED simplesmente pisca vermelho e Ă© isso aĂ­, o portĂ¡til desliga na sua cara. Quando aconteceu comigo foi extremamente frustrante, e jĂ¡ me deixou com um sinal de “alerta”, e toda vez que jogo fico salvando a cada cinco minutos.

Preço

Citei de forma bem artificial o fator preço nos tĂ³picos anteriores. Acredito que aqui irĂ¡ ocorrer a decisĂ£o de comprar (ou nĂ£o) o console, caso vocĂª esteja em dĂºvida. No Aliexpress, o Bittboy pode ser comprado pelo preço inicial de R$ 130, com frete grĂ¡tis. No mercado nacional, especificamente no Mercado Livre, encontra-se o emulador portĂ¡til a partir de R$ 300.

Se levarmos em conta a taxa padrĂ£o de R$ 60 e a taxa de R$ 15 dos Correios, importar o Bittboy poderia sair R$ 223. Levando isso em conta, pagar R$ 300 pra comprar jĂ¡ em territĂ³rio nacional parece aceitĂ¡vel. Confesso que comprei o meu em terras tupiniquins mesmo e paguei R$ 399 por uma versĂ£o com cartĂ£o de 32GB repleto de ROMs (o de fĂ¡brica tem apenas 8GB) e com alguns mimos extras (fone, chaveiro e alguns outros brindes).

Vamos levar em conta aqui o preço padrĂ£o de R$ 300 no mercado nacional, e com isso o Bittboy deixa de fazer sentido. Pelo mesmo preço Ă© possĂ­vel encontrar um RS-97, que tem desempenho superior e nĂ£o sofre de problemas como o screen tearing. Ainda por esse preço Ă© possĂ­vel comprar um Nintendo DS, um cartĂ£o R4 e ter acesso a uma biblioteca enorme de jogos, mesmo abrindo mĂ£o de alguns emuladores – mas Ă© possĂ­vel rolar atĂ© um emulador de SNES aqui.

A questĂ£o começa a ficar ainda mais complicada para o Bittboy quando se faz necessĂ¡rio levar uma powerbank na mochila ou bolsa se o seu plano Ă© uma jogatina longa durante uma viagem de Ă´nibus, por exemplo. Ao menos o conector do carregador Ă© micro USB, o que significa que cabo e tomada pra ter carga nĂ£o vĂ£o faltar.

Veredito

Agora tentamos responder Ă  pergunta: serĂ¡ se faz sentido comprar o Bittboy? Estou me esforçando pra nĂ£o largar aqui o velho e jĂ¡ batido “depende”, mas realmente tudo varia conforme seu ponto de vista.

Pra mim, o Bittboy fez sentido. Antes de compra-lo procurei anĂ¡lises profundas e atĂ© mesmo entrei em grupos de discussĂ£o sobre o portĂ¡til, para saber tudo sobre desempenho, problemas e etc. Isso significa que estava ciente de tudo quando efetuei a compra, e nĂ£o me arrependo.

Com esta anĂ¡lise, aliĂ¡s, espero ajudar aqueles que estĂ£o Ă¡vidos pelo aparelho (ou pelo sucessor, Pocket Go) e buscam mais detalhes – que nĂ£o sĂ£o encontrados na maioria das anĂ¡lises em vĂ­deo, onde, curiosamente, os defeitos do Bittboy sĂ£o deixados de lado.

Onde comprar?

Se vocĂª pretende importar, pode fazĂª-lo pelo Aliexpress usando este link. NĂ£o, eu nĂ£o ganho comissĂ£o por venda e este nĂ£o Ă© um link de referral.

JĂ¡ se vocĂª quer comprar no mercado nacional pois nĂ£o aguenta esperar muito tempo, recomendo comprar por este link, com o pessoal da JotaDingoo. TambĂ©m nĂ£o ganho comissĂ£o por venda, mas o link que indiquei tem o portĂ¡til com um cartĂ£o de 32GB repleto de ROMs, e a loja Ă© especializada em emuladores portĂ¡teis – eles estĂ£o na ativa desde o Dingoo A320, se nĂ£o me engano.

ConclusĂ£o

Ficou com alguma dĂºvida? Quer saber algo mais sobre o portĂ¡til? Pode deixar nos comentĂ¡rios! TambĂ©m criei um grupo no Facebook para falar sobre o Bittboy. VocĂª pode acessar por este link


segunda-feira, 25 de março de 2019

Segundatina: Stardew Valley

Stardew Valley Ă© um dos meus jogos favoritos de todos os tempos. Ele foi produzido por Erick Barone, fĂ£ apaixonadĂ­ssimo pela sĂ©rie Harvest Moon, que foi ficando mais e mais complexa, errando enquanto tentava acertar.

Quando foi publicado pela Chucklefish Games, em 2016, Stardew Valley se tornou um verdadeiro fenĂ´meno. "O retorno dos jogos de fazendinha", bradaram alguns, quando o gĂªnero nunca deixou de existir. De qualquer forma, o jogo explodiu em sua Ă©poca e voltou aos holofotes no segundo semestre do ano passado, quando foi lançado o port para iOS, em outubro. O de Android foi prometido para "algum momento em 2019" e foi lançado no dia 14 de março, motivando sua apariĂ§Ă£o na coluna desta semana.

Enredo

Em Stardew Valley o jogador assume o papel de um personagem saturado do trabalho em uma grande corporaĂ§Ă£o na cidade. Seu avĂ´, no leito de morte, deixou uma fazenda localizada em uma pequena cidade no interior para o neto, desafio prontamente aceito pelo protagonista. No fim das contas, a introduĂ§Ă£o estĂ¡ lĂ¡ como uma desculpa para que o game aconteça, simples assim. E nĂ£o hĂ¡ demĂ©rito algum nisso.

É um gosto pessoal optar por jogos que sabem onde estĂ¡ seu apelo - neste caso fica na mecĂ¢nica - e que focam justamente em seu melhor ponto. O game em questĂ£o atĂ© tem milhares de linhas de diĂ¡logo, relacionamentos com os moradores da cidade, quests para revitalizar o centro comunitĂ¡rio e a economia local, mas Ă© tudo opcional, e se vocĂª quiser simplesmente passar de 15 a 30 minutos pescando, cuidando da fazenda ou minerando, pode fazer justamente isso.

Jogabilidade

Acredito que este seja o ponto principal do jogo da semana. Ele Ă© complexo, com uma leve camada que emula a simplicidade. VocĂª pode simplesmente fazer uma plantaĂ§Ă£o e regĂ¡-la todos os dias, e tambĂ©m pode colocar "x" sementes no solo e antes arĂ¡-lo, passar um fertilizante que retĂ©m o lĂ­quido e elimina necessidade de regar diariamente a plantaĂ§Ă£o, ou ainda colocar um aspersor para "aguar" sua plantaĂ§Ă£o, e ainda produzir aspersores melhores que terĂ£o mais tiles alcançados.
A fazenda começa uma bagunça absurda - Foto: ReproduĂ§Ă£o

O jogador tambĂ©m pode montar um galinheiro e colocar algumas galinhas por lĂ¡ para produzir ovos e ser feliz. Ou vocĂª pode ampliar o local para que caibam mais do que quatro galinhas, colocar um silo do lado para garantir que haja alimento no inverno, soltar os animais durante o dia para que deem um "rolĂª" na fazenda e ainda cuidar da felicidade deles.

O mais interessante dessa opĂ§Ă£o adotada pelo jogo - claramente inspirada por Harvest Moon - Ă© que todas essas situações que a princĂ­pio parecem complexas sĂ£o evoluções naturais. VocĂª vai querer melhorar o machado quando encontrar um tronco diferente que nĂ£o consegue cortar, e tambĂ©m vai querer melhorar o regador quando perceber que ele fica sem Ă¡gua antes de alcançar metade da sua produĂ§Ă£o na "roça".

Toda essa complexidade nĂ£o estĂ¡ lĂ¡ desde o começo, e aparece durante sua evoluĂ§Ă£o nos elementos de RPG do jogo. Ao iniciar a run o jogador sofre para plantar e colher. Com alguns dias de prĂ¡tica, o protagonista sobe de nĂ­vel ao ganhar proficiĂªncia em Ă¡reas como cultivo, mineraĂ§Ă£o, coleta, pesca e combate. É possĂ­vel chegar atĂ© o nĂ­vel 10 em cada habilidade, e no meio do caminho vocĂª pode escolher uma especializaĂ§Ă£o.

No cultivo, por exemplo, ao atingir o nĂ­vel 5 o jogador pode ser rancheiro ou cultivador, o que vai influenciar no valor de venda de produtos de origem animal ou daqueles cultivados na fazenda. JĂ¡ na pesca Ă© possĂ­vel escolher entre pescador e armadilheiro, que tambĂ©m tem suas diferenças. É uma forma de o jogo te dizer que vocĂª vai ser um mestre na habilidade que desejar aprimorar (ou em todas elas, afinal, basta dedicar tempo pra cada tarefa) e pode continuar sendo aprendiz em todo o resto.
É complexidade que vocĂª quer, @? DĂ¡ atĂ© pra casar no jogo! - Foto: ReproduĂ§Ă£o

No caso de querer ser Ăºnica e exclusivamente fazendeiro, vocĂª pode comprar minĂ©rios no ferreiro local, e converter esses itens em barras para suas construções. O ponto negativo Ă© a falta de opções no early game. Quem deseja ficar rico no joguinho precisa apelar para a pesca no inĂ­cio, que Ă© o caminho mais fĂ¡cil para conseguir uma grana e investir em plantaĂ§Ă£o maior.

Mobile

Ainda em relaĂ§Ă£o Ă  jogabilidade, ela funciona muito bem no computador e tambĂ©m nos consoles, mas divide opiniões na versĂ£o mobile. Isso porque para Android e iOS vocĂª pode clicar onde o personagem deve ir ou usar os famigerados botões virtuais. Achei a opĂ§Ă£o padrĂ£o bem ok, mas os descontentes com os dois modos de controle podem parear um joystick bluetooth ou plugar algum controle USB e serem felizes.

A adaptaĂ§Ă£o para Android, feita pelo estĂºdio The Secret Police (que tambĂ©m fez a versĂ£o de iOS) veio com alguns bugs. O mais irritante deles Ă© no som - geralmente quando saio da mina o Ă¡udio fica com "eco", e percebi isso usando fones de ouvido - que, por sinal, sĂ£o extremamente necessĂ¡rios (sĂ©rio, jogue usando fones de ouvido). Fiz o report e o normal Ă© que seja resolvido em breve. AliĂ¡s, no dia seguinte ao lançamento jĂ¡ houve um patch pra corrigir erros apresentados pelo port - jogo fechando em diĂ¡logo com NPC era algo que acontecia no primeiro dia, por exemplo, mas foi corrigido. Senti tambĂ©m uns slowdowns enquanto cortava Ă¡rvores na fazenda. É um ponto a se otimizar, mas o velho Snapdragon 625 do smartphone pode ter contribuĂ­do pra isso.

Como a versĂ£o mĂ³vel tem pouquĂ­ssimas diferenças em relaĂ§Ă£o Ă  de PC, Ă© possĂ­vel atĂ© mesmo copiar o save que vocĂª tem na Steam e usar no smartphone. É algo que tem de ser feito manualmente e nĂ£o hĂ¡ uma ferramenta oficial de importaĂ§Ă£o ou sincronizaĂ§Ă£o com a nuvem aqui.

Seria exigir demais, nĂ£o Ă© mesmo? AliĂ¡s, a principal diferença aqui Ă© a inexistĂªncia do multiplayer, recurso que demorou a ser implantado nos computadores (dois anos e alguns meses), ainda nĂ£o funciona de forma ideal e tambĂ©m nĂ£o existe nos consoles. TambĂ©m nĂ£o hĂ¡ suporte a mods, mas invariavelmente alguĂ©m vai fazer um app pra resolver isso. De resto, o conteĂºdo do mobile Ă© o mesmo existente nas outras versões.

Vale a pena?

Sem dĂºvida alguma. VocĂª nĂ£o precisa ter conhecido Harvest Moon, Story of Seasons ou qualquer outro game de gerenciamento de fazenda para se aventurar em Stardew Valley. Talvez ele nĂ£o tenha o tutorial mais explicativo de todos, mas Ă© muito intuitivo.
Olha sĂ³ quanto tempo de jogo sĂ³ na versĂ£o mobile - Foto: ReproduĂ§Ă£o

Acredito que este seja um jogo perfeito tanto para jogatinas despretensiosas quanto pra dedicaĂ§Ă£o intensa. Comprei a versĂ£o mĂ³vel no dia do lançamento e, entre algumas sessões que duravam minutinhos aqui e minutinhos ali, acumulei mais de 30 horas de jogo! JĂ¡ Ă© quase quatro vezes mais tempo do que as mĂ­seras quatro horas que dediquei Ă  versĂ£o Steam - que comprei alguns meses apĂ³s o lançamento, diga-se de passagem. AliĂ¡s, sempre me perguntei o motivo de nĂ£o existir uma versĂ£o para dispositivos mĂ³veis, pois o jogo era ideal pra isso. E hoje ela estĂ¡ aĂ­.

Onde e quanto?





sexta-feira, 22 de março de 2019

Sobre fliperamas, garotas e anos 90


HĂ¡ alguns bons anos a dĂ©cada de 1980 virou sinĂ´nimo de nostalgia. Isso acabou influenciando direta e indiretamente muitas produções de entretenimento, entre elas a emblemĂ¡tica sĂ©rie Stranger Things (2016), que apela para uma ambientaĂ§Ă£o extremamente fiel Ă  dĂ©cada em questĂ£o, e por isso (e outros elementos) atraiu uma multidĂ£o de espectadores.

A questĂ£o aqui Ă© que nostalgia vende, e muito. HĂ¡ uma explicaĂ§Ă£o bem Ă³bvia pra isso, aliĂ¡s. Muitos dos adultos de hoje eram crianças nas dĂ©cadas de 1980 e 1990, o que significa que tinham pouquĂ­ssimo ou nenhum poder aquisitivo, mas Ă© um pĂºblico ativo economicamente, que consome muito e fica com os olhos marejados ao ver uma referĂªncia ou algo totalmente ambientado no perĂ­odo em que cresciam. E a bola da vez estĂ¡ na dĂ©cada de 1990.

Senta que lĂ¡ vem obra ambientada nos anos 90. Foto: DivulgaĂ§Ă£o/Netflix

Ah, a chamada era de ouro dos jogos eletrĂ´nicos. Enquanto o home gaming era marcado por uma disputa visceral entre Sega e Nintendo, as ruas de muitas cidades eram tomadas por centenas de apaixonados por arcade, ou, como ficaram conhecidos aqui, os saudosos fliperamas. É justamente nesse perĂ­odo que se passa HI Score Girl (ou High Score Girl, tanto faz), mangĂ¡ escrito por Renuske Oshikiri, publicado pela Square Enix e que foi adaptado para a Netflix em formato de anime CGI.
Ambientado no final da dĂ©cada de 1980 e começo dos anos 90, o mangĂ¡/anime conta a histĂ³ria de Haruo Yaguchi, um pentelho insuportĂ¡vel do fundamental viciado em jogos. E quando falo insuportĂ¡vel, Ă© porque o protagonista Ă© mostrado de inĂ­cio como uma criança extremamente chata e naquela idade em que garotos e garotas sĂ£o vistos quase que como inimigos mortais uns dos outros.

O diferencial da obra aparece logo no começo, focando na paixĂ£o de Haruo por games. Ele Ă© o tipo de criança que passa todo o tempo livre em lojas com fliperamas, algo que acaba sendo visto com maus olhos pelos colegas de classe do garoto. Por conta do vĂ­cio, Yaguchi nĂ£o liga pra coisa alguma, e suas notas no colĂ©gio estĂ£o dentro do “dĂ¡ pra passar”.

Eis que um dia ele encontra nos fliperamas um jogador que estĂ¡ arrebentando os demais na fila de Street Fighter 2. O tal player misterioso Ă© na verdade uma colega de classe de Haruo, Akira Ono. E começa aĂ­ uma histĂ³ria de amizade – e, mais tarde, amor – entre os dois. TĂ­pico roteiro de shounen sem vergonha, nĂ£o Ă© mesmo?

Acontece que HI Score Girl arrebentou com as minhas expectativas. NĂ£o Ă© apenas sobre os jogos dos anos 90, ou sĂ³ sobre a paixĂ£o ingĂªnua entre dois estudantes do fundamental. A obra equilibra muito bem os elementos apresentados, enquanto acompanha o amadurecimento dos personagens. Lembram que falei sobre Haruo ser insuportĂ¡vel no inĂ­cio? Conforme vĂ£o passando os episĂ³dios ele se mostra repleto de camadas.

Quanto a Akira Ono, sem dĂºvidas a melhor personagem quase muda que tive o prazer de assistir. Ela nĂ£o fala atravĂ©s de palavras, mas sim de gestos, atitudes e expressões faciais. O tĂ­tulo da obra Ă© referĂªncia direta a ela, uma garota nota dez nos estudos, vinda de famĂ­lia rica e com rotina de aprendizado desumana, que encontra nos fliperamas um alĂ­vio para o stress. Proibida de ter um console em casa, Akira aprende rĂ¡pido nos fliperamas, superando Haruo nos jogos de luta e se tornando uma oponente Ă  altura.
A clĂ¡ssica protagonista de games, Akira Ono. Foto: DivulgaĂ§Ă£o/Netflix

Se o nome da obra Ă© referĂªncia direta Ă  garota, a garota Ă© referĂªncia direta aos protagonistas de centenas de jogos da era de ouro e alguns tĂ­tulos atuais. Me refiro aos herĂ³is mudos, aqueles que sem ao menos dizer uma palavra se fazem entender e imprimem suas vontades ao mundo.
Confesso que me apaixonei pela forma como a histĂ³ria Ă© conduzida desde seus momentos iniciais. As conversas entre Haruo e Akira acontecem nos jogos. Começam com a troca de socos entre Ryu e Zangief (porque ela adora jogar com tanks) e vĂ£o atĂ© as aventuras de Guy e Haggar nas ruas de Metro City.

No meio do caminho surge Koharu Hidaka, outra colega de Haruo e que entra na trama em meio a circunstĂ¢ncias das quais nĂ£o falarei para evitar, o mĂ¡ximo que consigo, spoilers. Koharu aprende com Yaguchi a gostar de jogos e, ao mesmo passo que desenvolve uma paixĂ£o pelos fliperamas, nutre sentimentos pelo protagonista. Se vocĂª sentiu cheirinho de clichĂª no começo, aqui pode ter certeza que rola uma espĂ©cie de triĂ¢ngulo amoroso. A essa hora vocĂª jĂ¡ deve imaginar que Haruo Ă© apaixonado por Akira e o sentimento Ă© recĂ­proco, enquanto Koharu estĂ¡ muito afim do protagonista e nĂ£o vĂª espaço algum na relaĂ§Ă£o. Acertou em cheio.

NĂ£o sĂ£o raros os momentos em que Haruo se pergunta sobre os sentimentos que tem em relaĂ§Ă£o a Akira e, de repente... “Hei, tĂ¡ sabendo que a Sony vai entrar no mercado de videogames?”. Parece um pouco exagerado e repentino, mas as coisas acontecem dessa forma por aqui. A mudança de foco do romance para jogos e vice-versa ocorre o tempo todo e, diversas vezes, me vi sorrindo feito bobo ao identificar um jogo ao qual dediquei horas aparecendo na tela.

Vale notar, aliĂ¡s, que o amadurecimento emocional de Ono e Yaguchi aparece poucos minutos em alguns poucos episĂ³dios, na minha opiniĂ£o. NĂ£o Ă© como se fosse insuficiente, mas sinto que poderia ter sido mais explorado. A Netflix Ă© conhecida por estender desnecessariamente algumas obras (Demolidor, Justiceiro, Punho de Ferro), enquanto outras nĂ£o recebem a mesma atenĂ§Ă£o. NĂ£o Ă© a primeira produĂ§Ă£o deles que sinto falta de mais tempo – vide Big Fish & Begonia – mas jĂ¡ sabemos que vem uma segunda temporada em 2019.
SerĂ¡ possĂ­vel jogar com privacidade? Foto: DivulgaĂ§Ă£o/Netflix

Por falar nisso, foi quase desumano o que a Netflix fez com quem gostou do anime. Lançaram, em 2018, 12 episĂ³dios, sendo o Ăºltimo com um gancho absurdo para continuaĂ§Ă£o, que sĂ³ saiu meses depois, especificamente no dia 20 de março de 2019. Ok, eles precisavam esperar a conclusĂ£o do mangĂ¡ (o que ocorreu em setembro do ano passado) para encerrar a primeira temporada, mas, de qualquer forma, nĂ£o gosto dessa ideia de lançar obras incompletas. E se o negĂ³cio todo fosse um fracasso de pĂºblico na plataforma? FicarĂ­amos com 12 episĂ³dios sem nem ao menos a conclusĂ£o da trama proposta na primeira temporada? DĂ¡ agonia sĂ³ de pensar nessa possibilidade.

AliĂ¡s, por falar em continuaĂ§Ă£o, uma curiosidade interessante Ă© que em 2014 o mangĂ¡ teve sua publicaĂ§Ă£o interrompida por um tempo. A responsĂ¡vel por isso foi a SNK Playmore, dona de propriedades como The King of Fighters e Samurai Showdown. No processo movido pela SNK, a desenvolvedora alegou que o mangĂ¡ infringia seu copyright diretamente ao trazer personagens de suas franquias. Algum tempo depois a empresa entrou em acordo com a Square Enix e a publicaĂ§Ă£o foi retomada.

No fim do dia, considero esta uma daquelas obras que chegam a "dar um quentinho no coraĂ§Ă£o". Piegas? Com certeza! Mas, se vocĂª tem assinatura da Netflix, dĂª uma chance. HI Score Girl aposta suas fichas em conquistar o espectador falando sobre a nostalgia dos anos 1990, para depois prendĂª-lo com um enredo misturando isso a romance juvenil. Ao menos comigo deu certo, e muito.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Mountain Climber: Frozen Dream | A cĂ³pia safada e mercenĂ¡ria de Celeste

Lançado em 2018 pra Windows, Linux, PS4, Xbox One e Nintendo Switch, Celeste foi uma verdadeira dĂ¡diva. Tanto Ă© que o game ganhou o prĂªmio de melhor jogo independente do ano no TGA (The Game Awards). 

VĂ¡rias coisas tornaram Celeste marcante: a jogabilidade, os grĂ¡ficos, a trilha sonora singular e o enredo. AliĂ¡s, ah, que enredo cativante. NĂ£o que seja cheio de reviravoltas e aspectos hollywoodianos, mas o jogo trata abertamente de problemas psicolĂ³gicos como ansiedade e depressĂ£o. A palavra marcante, citada no inĂ­cio deste belo parĂ¡grafo, Ă© um perfeito resumo da Ă³pera de Celeste. E, como estamos fartos de saber desde Super Mario Bros., tudo que faz sucesso rende ao menos uma dezena de clones. 

Com a popularizaĂ§Ă£o do mobile gaming, uma certeza no mundo atual Ă© que se seu jogo nĂ£o for portado para alguma plataforma mĂ³vel, com certeza ele serĂ¡ copiado na cara dura. É com essa mĂ¡xima em mente que surge Mountain Climber: Frozen Dream. Desenvolvido pelo espanhol RubĂ©n Pecellin, o game conta a histĂ³ria de um escalador aleatĂ³rio que tem como objetivo escalar uma montanha que ninguĂ©m jamais escalou, em uma jornada de autoafirmaĂ§Ă£o e repleta de provações. Soa familiar? Pois Ă©.

Com menos de cinco cenĂ¡rios, Mountain Climber Ă© mais um jogo freemium, o que significa que ele Ă© "de grĂ¡tis", mas vocĂª vai ter que desembolsar grana em algum momento e/ou ver propagandas. E esse jogo Ă© literalmente um ad-hell. AtĂ© tem algumas linhas de texto querendo forçar profundidade, mas talvez seja a Ăºnica coisa positiva, pois o resto todo Ă© composto por pontos negativos. O primeiro ponto Ă© a dificuldade extremamente elevada do game. Qualquer passo Ă© o suficiente para o jogador morrer de uma forma absurda e sem sentido. A jogabilidade parece ser bem simples: um toque na tela para pular, e um enquanto estĂ¡ no ar para ativar o "Dash". É algo atĂ© esperado para algo inspirado em Celeste, nĂ£o fossem os obstĂ¡culos que muitas vezes surgem rĂ¡pido demais para lhe arrancar uma vida.
O estilo grĂ¡fico atĂ© que Ă© legal, mas tambĂ©m
Ă© a Ăºnica coisa boa do jogo. Foto: ReproduĂ§Ă£o

No começo achei que fosse pura falta de habilidade, mas em dado momento percebi que os toques simplesmente nĂ£o respondem da forma como deveriam na maioria das vezes. AĂ­ entra a parte do freemium em aĂ§Ă£o. Como o desenvolvedor sabe que vocĂª vai perder vidas diversas vezes, colocou um contador de corações limitados. ApĂ³s zerar, vocĂª Ă© obrigado a usar um coraĂ§Ă£o azul (que Ă© pago) para restaurar sua vida ou assistir uma propaganda. AlĂ©m do ad para poder continuar jogando, vocĂª enxerga o tempo todo uma propaganda na parte inferior da tela e, Ă s vezes entre uma morte e outra, surge uma propaganda de 30 segundos DO NADA ocupando a tela toda. Para remover as "propagandas forçadas" (nome que o prĂ³prio jogo dĂ¡ aos ads) vocĂª precisa pagar ao menos R$ 7,99. O lado bom Ă© que esse valor acompanha alguns corações azuis.

No entanto, mesmo apĂ³s gastar vocĂª ainda tem vidas limitadas e precisa gastar mais ou continuar vendo propagandas para continuar jogando. Ah, e jĂ¡ na primeira fase do jogo aparece um grandĂ­ssimo botĂ£o "Help" no canto superior esquerdo. Clicando nele vocĂª vĂª uma propaganda e aĂ­ pode ver um vĂ­deo ensinando a passar a fase em que acabou empacando. Legal, nĂ©? NĂ£o. Essa, aliĂ¡s, foi a minha maior frustraĂ§Ă£o com Mountain Climber, a de saber exatamente o que fazer e como fazer para passar de fase, mas a Ăºnica forma de interagir com o personagem nĂ£o ser responsiva o suficiente para conseguir executar os pulos nos momentos necessĂ¡rios. 

A cereja do bolo vem agora, na trilha sonora. As mĂºsicas e efeitos do jogo tem volume extremamente baixo. Significa que vocĂª vai precisar usar fones de ouvido e colocar o volume do seu dispositivo no mĂ¡ximo para ouvir alguma coisa. Isso atĂ© do nada surgir uma propaganda com som EXTREMAMENTE ALTO para estourar seus tĂ­mpanos. Mais um requinte de crueldade na receita, fazendo jus ao termo "propaganda forçada" e reforçando ainda mais o sentimento de frustraĂ§Ă£o do jogador com o objetivo de embolsar alguns dinares. Talvez o desenvolvedor nĂ£o tenha se tocado de que, na maioria das vezes, esse tipo de atitude gera efeito contrĂ¡rio.

O saldo que Mountain Climber deixa Ă© negativo, um gosto amargo na boca de quem joga. Se a jogabilidade fosse um pouco melhor e houvesse menos "forçaĂ§Ă£o de barra" com as propagandas, o jogo talvez atĂ© poderia ter chance de ser um clone decente. Definitivamente Ă© um game nĂ£o recomendado. 

sĂ¡bado, 16 de março de 2019

Sobre o tempo em que eu tinha tempo

Foto: Aaron Jasinski, Know Your Roots, 2011
Me lembro perfeitamente da rotina que tinha quando era pequeno. Saía da escola pontualmente às 11h30, chegava em casa às 11h45, almoçava e tinha tempo livre até o início da noite. Preenchia o que pareciam ser infinitas horas com cursos, tempo em frente ao meu Super Nintendo, lendo ou brincando na rua.

Lembro tambĂ©m como era aguardar ansiosamente o lançamento de algum filme e nĂ£o ter dinheiro para ir ao cinema, afinal, o sustento da casa era provido pelo meu pai, e nĂ£o sobrava muito no fim do mĂªs quando o objetivo era sustentar quatro filhos. Comecei a trabalhar aos fins de semana para ajudar, mas ainda me sobrava muito tempo livre.

Hoje, mais de dez anos depois, ocorre o inverso. Consigo, sem muita dificuldade, comprar um livro aqui, outro ali, e faço o mesmo com filmes e jogos. A maior dificuldade Ă© conseguir uma brecha na agenda e consumir o conteĂºdo que eu tanto gosto. A questĂ£o deixou de ser dinheiro.

A impressĂ£o que tenho atualmente Ă© que das 6h Ă s 22h nĂ£o consigo fazer absolutamente nada, e quando sobram algumas horinhas me pego procrastinando, navegando em redes sociais. AtĂ© o tempo que destinava para escrever em projetos pessoais estĂ¡ escasso. 

SĂ³ hoje, com vinte e tantos anos, compreendo que o tempo Ă© um dos recursos mais preciosos que temos. NĂ£o Ă© Ă  toa que muitas empresas pagam por hora. AliĂ¡s, vocĂª, leitor ou leitora, jĂ¡ parou para calcular quanto vale uma hora do seu tempo? VocĂª recebe R$ 5, R$ 10 ou R$ 20 por hora? Mais que isso? Acha justo?

Paralelo a isso, quanto tempo vocĂª reserva para si mesmo, para realizar alguma atividade ou consumir conteĂºdo que te faça bem? E quanto tempo vocĂª desperdiça procrastinando ou simplesmente buscando desculpas para nĂ£o ser uma pessoa realizada? 

Atualmente me encontro esperando que sobrem algumas horinhas para me dedicar a responder essas perguntas. Enquanto isso nĂ£o acontece, sigo sentindo falta da Ă©poca em que eu tinha tempo para fazer o que quisesse. Como diria o cantor e compositor Cazuza, o tempo nĂ£o para!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A FrequĂªncia Kirlian | Contos de terror Ă  meia-noite

Ao mesmo tempo em que sites como YouTube, Vimeo e afins democratizaram a produĂ§Ă£o e publicaĂ§Ă£o de conteĂºdo em vĂ­deo, tambĂ©m transformaram a briga por espaço no audiovisual em uma verdadeira guerra.

HĂ¡ centenas de websĂ©ries espalhadas por aĂ­ que provavelmente nunca atingiram (e nem vĂ£o) um pĂºblico realmente grande. Uma soluĂ§Ă£o para esses produtores independentes se darem bem, no entanto, Ă© terem seus produtos adquiridos por alguma empresa multimilionĂ¡ria, que investe em pĂ³s-produĂ§Ă£o, marketing, localizaĂ§Ă£o e afins. Foi basicamente o que aconteceu com A FrequĂªncia Kirlian (sĂ©rie de terror/suspense), que estreou em fevereiro de 2019 na Netflix, mas existe hĂ¡ um bom tempo.


Sinopse

Produzida na argentina, a sĂ©rie animada tem curtos episĂ³dios de no mĂ¡ximo nove minutos e foca na existĂªncia de uma rĂ¡dio com programaĂ§Ă£o exclusivamente noturna no povoado de Kirlian, localizado em algum ponto da provĂ­ncia de Buenos Aires. O programa de rĂ¡dio que dĂ¡ nome Ă  sĂ©rie, A FrequĂªncia de Kirlian, entra no ar exatamente Ă  meia-noite, e relata diversos acontecimentos sobrenaturais. É algo bem com uma pegada Stephen King mesmo.

Como surgiu (e chegou Ă  Netflix)

A FrequĂªncia Kirlian teve inĂ­cio em 2009, quando a produtora Tangram Cine fez o piloto da sĂ©rie. O primeiro episĂ³dio nunca foi finalizado, mas a sĂ©rie ganhou novos formatos nos anos seguintes, atĂ© que em 2015 se transformou em animaĂ§Ă£o. O criador do projeto, Cristian Ponce, contou com apoio de HernĂ¡n Bengoa, que jĂ¡ havia atuado em algumas produções argentinas, e assim surgiu o formato atual da websĂ©rie.

Os episĂ³dios mostrando um locutor narrando o cotidiano de Kirlian passaram a ser publicados no YouTube e no Vimeo desde 2017. Foram cinco episĂ³dios, cada um levando trĂªs meses para ser produzido e publicado. No meio do ano passado a sĂ©rie simplesmente sumiu dos canais onde estava hospedada, mas retornou hĂ¡ algumas semanas na Netflix, lançada de forma internacional e com localizaĂ§Ă£o em portuguĂªs e inglĂªs.

Vale a pena assistir?

É uma pergunta bem fĂ¡cil de responder. Nunca fui fĂ£ de produções de suspense ou de terror. Considero boa parte galhofa demais ou forçada demais. Por outro lado, sempre fui um apaixonado pelos trabalhos de Stephen King, que tem forte influĂªncia sobre a sĂ©rie em questĂ£o. A proposta da animaĂ§Ă£o Ă© diferente, com episĂ³dios curtĂ­ssimos e intrigantes. A impressĂ£o que se tem Ă© que houve muito cuidado na produĂ§Ă£o, que termina seu Ăºltimo episĂ³dio com gostinho de "quero mais".

Os episĂ³dios nĂ£o sĂ£o ligados entre si e poderiam, sim, ser mais profundos e duradouros. A cada pequeno conto aumenta ainda mais a vontade de conhecer o vilarejo macabro da telinha. Sem dĂºvida alguma, A FrequĂªncia Kirlian Ă© uma sĂ©rie que vale a pena assistir.

domingo, 6 de janeiro de 2019

WiFi Ralph | Uma animaĂ§Ă£o sobre a toxicidade da internet

Lançado em 2013 pela Walt Disney Animation Studios, Detona Ralph foi um longa de animaĂ§Ă£o repleto de referĂªncias a jogos antigos e que fez relativo sucesso, arrecadando quase meio bilhĂ£o de dĂ³lares em bilheteria. A animaĂ§Ă£o faz parte de uma nova leva de propriedades intelectuais da Disney, que, como qualquer empresa, precisa de novidades para se manter relevante no mercado.
Ah, como as pessoas sĂ£o inocentes ao ver a internet pela primeira vez - Walt Disney/ReproduĂ§Ă£o
Como propriedade intelectual que deu certo e poderia virar uma franquia, obviamente Detona Ralph teve uma continuaĂ§Ă£o seis anos depois, e trata-se de WiFi Ralph, lançado neste janeiro de 2019. O primeiro trata da jornada do personagem principal, Ralph (do fictĂ­cio game Fix It, Felix Jr), que visa deixar de ser vilĂ£o para se transformar em herĂ³i. No decorrer da aventura ele conhece Vanellope von Schweetz, protagonista do game Sugar Rush, e ambos acabam virando grandes amigos. A continuaĂ§Ă£o começa com um breve resumo da histĂ³ria do anterior e retoma do ponto onde Ralph e Vanellope continuam amicĂ­ssimos. Desta vez, a dupla deixa a loja de fliperamas de Litwak e vĂ£o em busca de uma peça para consertar e salvar o arcade de Sugar Rush, para que ele nĂ£o seja desligado em definitivo. E aĂ­ começa uma das sĂ¡tiras mais geniais que este redator jĂ¡ viu.

Em Detona Ralph, tudo que Ă© relacionados aos clĂ¡ssicos de fliperamas dos anos 1970 e 1980 acaba virando piada aqui ou ali e atĂ© mesmo um pequeno easter egg. JĂ¡ a sequĂªncia usa uma mĂ¡scara de filme sobre a importĂ¢ncia da amizade para satirizar a internet atual. E como isso Ă© apresentado e desenvolvido? É o que vamos te contar nos prĂ³ximos parĂ¡grafos - sim, com spoilers

Como citei acima, a premissa do filme Ă© de que Ralph e Vanellope vĂ£o Ă  internet para comprar uma peça sobressalente e consertar a mĂ¡quina de Sugar Rush. O primeiro destino deles Ă© uma praça onde fica um buscador que dĂ¡ as respostas para tudo. A partir dali a dupla principal Ă© levada ao eBay, site no qual estĂ¡ a bendita peça. ApĂ³s participar de um leilĂ£o, o ex-vilĂ£o descobre que acabou dando um lance de mais de 27 mil trumps na peça, e nĂ£o faz ideia de onde conseguir essa grana toda. A primeira tentativa de levantar o dinheiro ocorre dentro de um jogo, Corrida do Caos, onde a dupla precisa conseguir um carro super raro do game para vendĂª-lo e conquistar uma bela quantidade de dĂ³lares. É a primeira referĂªncia a um submercado da internet, o de compra e venda de itens cosmĂ©ticos em jogos, as chamadas micro-transações.

Em dado momento a ideia de conseguir o tal carro Ă© descartada, e uma personagem apresenta a Ralph e Vanellope uma ~maneira fĂ¡cil~ de conseguir dinheiro na internet, que Ă© gravar vĂ­deos sem conteĂºdo algum para publicaĂ§Ă£o na plataforma fictĂ­cia BuzzTube. AĂ­ entra uma boa parte do filme que Ă© focada na crĂ­tica ao conteĂºdo - ou Ă  falta de qualidade dele - na internet. Ralph ganha rios de dinheiro ao publicar vĂ­deos cada vez mais idiotas, seja fazendo piadas ruins com abelhas, memes sem graça, receitas que dĂ£o errado e qualquer outro tipo de vĂ­deo que viralize. HĂ¡ atĂ© uma cena bem bacana nessa parte, em um escritĂ³rio, onde um personagem estĂ¡ cansado de ver mais do mesmo na internet, mas acaba se interessando pelas publicações do protagonista, que no fim das contas sĂ£o as mesmas piadas que ele havia visto anteriormente, mas apresentadas por outra pessoa.
A animaĂ§Ă£o conta com aparições de diversos personagens de clĂ¡ssicos da Disney - Walt Disney/ReproduĂ§Ă£o
Claro que os rios de dinheiro nĂ£o sĂ£o fĂ¡ceis de conseguir. Ralph espalha links em toda a internet para atrair a audiĂªncia, que Ă© cada vez mais sedenta por novidades. AlĂ©m disso, a grande quantidade de likes recebidos por ele gera uma renda enorme Ă  plataforma que mantĂ©m os vĂ­deos, mas um pequeno percentual dessa renda volta para o protagonista. É justamente o que acontece na vida real, nĂ£o? Outro momento interessante ocorre em uma cena na qual Ralph acessa a seĂ§Ă£o de comentĂ¡rios da internet, e se depara com o Ă³dio exacerbado e sem motivo dos seres humanos. A dona do BuzzTube, que atende pelo nome de Yesss, explica ao ex-vilĂ£o que a regra nĂºmero um da internet Ă© nunca, em hipĂ³tese alguma, ler a caixa de comentĂ¡rios de qualquer conteĂºdo. "O problema nĂ£o estĂ¡ em vocĂª, Ralph, mas sim neles" dispara a personagem, referindo-se diretamente Ă  crueldade com que os internautas tratam tudo e todos - e o exagero com que reagem a qualquer pequena polĂªmica tambĂ©m.

Claro, o plot principal nĂ£o fica apenas nisso, e a dupla de personagens principais consegue resolver a treta inicial toda, com um fim falando sobre o amadurecimento deles. Mas decidi me ater Ă s referĂªncias de internet aqui por um motivo, pois acredito que a reflexĂ£o sobre a toxicidade online seja a principal mensagem da animaĂ§Ă£o. Fica Ă³bvio principalmente pelo nome do filme, que Ă© WiFi Ralph, mas o long deixa algumas mensagens bem claras sobre tudo que ocorre na internet. Uma anĂ¡lise interessante a respeito disso foi feita por Helton Simões Gomes, no UOL, sob o tĂ­tulo "WiFi Ralph" traz 10 lições e uma escorregada sobre a internet - a anĂ¡lise fala sobre alguns dos pontos que citei acima e vai alĂ©m, tocando em questões como as bolhas existentes na web e tambĂ©m o papel dos algoritmos no posicionamento de conteĂºdo online.

Essa genialidade toda em satirizar a internet e apontar a toxicidade da convivĂªncia online tem um preço, no entanto. Para focar no ambiente web, WiFi Ralph deixa de lado toda a mitologia apresentada no primeiro filme (como a regra principal de um personagem nĂ£o poder deixar seu jogo durante o horĂ¡rio de expediente, por exemplo), alĂ©m de outros personagens que poderiam ser desenvolvidos um pouco mais ou ter alguns minutos a mais de tela. Ao mesmo tempo, a sensaĂ§Ă£o que fica Ă© de que a questĂ£o da internet poderia ter sido muito mais aprofundada e a animaĂ§Ă£o deixa a desejar tambĂ©m nesse aspecto. WiFi Ralph poderia ter sido muito mais, porĂ©m talvez acabe tendo uma sequĂªncia que continue a abordar o que foi proposto no longa e tambĂ©m dĂª atenĂ§Ă£o ao universo criado pela franquia.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Mercado CrĂ©dito | O "modo carnĂª" do Mercado Livre

Se tem algo que brasileiro adora fazer (ou muitas vezes faz porque Ă© a Ăºnica alternativa possĂ­vel) Ă© comprar parcelado. Pagar no famoso carnĂª com parcelinhas a perder de vista Ă© um costume muito antigo em terras tupiniquins, mas o carnĂª Ă© algo praticamente inexistente em lojas online. Pelo menos era, atĂ© a Ăºltima semana.

Mercado Livre, uma das maiores marketplaces do Brasil, começou recentemente a testar o Mercado CrĂ©dito. Trata-se de uma espĂ©cie de carnĂªzinho do site, que possibilita aos clientes parcelar a compra de itens com preço variando de R$ 75 a R$ 400 e pagar essas parcelas no boleto. É uma mĂ£o na roda para clientes que nĂ£o tem cartĂ£o de crĂ©dito. Como citei acima, trata-se ainda de um projeto em fase de testes, e nem todos os usuĂ¡rios cadastrados no site tem limite disponĂ­vel. VocĂª pode checar seu limite clicando aqui.
Meu limite Ă© de R$ 400 atualmente. Como o Mercado Livre sabe que estou de olho na Mi Band 3, jĂ¡ sugeriram ela

A opĂ§Ă£o nĂ£o estĂ¡ habilitada para todos, e, de acordo com o Mercado Livre, Ă© questĂ£o de tempo atĂ© que chegue aos usuĂ¡rios cadastrados na plataforma. Para quem jĂ¡ conta com o Mercado CrĂ©dito habilitado, hĂ¡ algumas limitações impostas por "motivos de segurança": ainda nĂ£o Ă© possĂ­vel parcelar no boleto compras de cartões prĂ©-pagos para jogos, cartões Xbox Live e PSN, moedas virtuais, joias, bijuterias e poker.

Juros

Nem tudo que reluz Ă© ouro, no entanto. Como ocorre no carnĂª tradicional, o Mercado CrĂ©dito cobra juros por conta do parcelamento. NĂ£o cheguei a fazer simulaĂ§Ă£o de compra, mas o canal Compra Segura, no YouTube, afirma que um produto de R$ 182,99 pode acabar saindo por R$ 317,76 ao ser parcelado em doze vezes. Na simulaĂ§Ă£o feita pelo canal, a taxa de juros ficou em 6,6% ao mĂªs em duas parcelas e 4,7% ao mĂªs em doze parcelinhas. Ou seja, usando o Mercado CrĂ©dito vocĂª paga o preço de dois produtos ao comprar um parcelado. Mas, se adiantar o pagamento, Ă© possĂ­vel receber desconto nas parcelinhas.

Compensa?

Como sempre, cabe ao consumidor decidir se essa modalidade de parcelamento compensa. Pra quem nĂ£o tem cartĂ£o de crĂ©dito Ă© uma mĂ£o na roda, e a estratĂ©gia Ă© excelente para impulsionar a venda de produtos que tem preço acima de R$ 120 (e que por consequĂªncia tem frete grĂ¡tis na plataforma). Como alguĂ©m que usa frequentemente o Mercado Livre, acredito que tenha sido uma boa. Outros marketplaces podem acabar entrando na onda e facilitando a vida dos consumidores no geral.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

O retorno de Grand Chase | Foi em grande estilo?


Grand Chase foi por muitos anos um dos jogos mais populares no Brasil. Desenvolvido e publicado pela KOG no resto do mundo, em terras tupiniquins o game era mantido pela Level Up Games.

Houve todo um cuidado com a localizaĂ§Ă£o do jogo, que recebeu atĂ© dublagem durante seus quase dez anos de atividade. O esmero na localizaĂ§Ă£o explica o carinho especial dos brasileiros por Grand Chase e tambĂ©m a decepĂ§Ă£o de muitos quando em 2015 foi anunciado o fim do jogo. Rumores dĂ£o conta de que na Ă©poca atĂ© houve esforço da LUG para adquirir os direitos do game, mas a KOG se negou a vendĂª-los.

Desde sua morte oficial, Grand Chase nĂ£o foi esquecido. No Brasil o jogo recebeu diversos servidores piratas, mas que nĂ£o tinham novos personagens e que acabavam enjoando os jogadores. Mas eis que chega 2018 e a KOG anuncia o retorno do tĂ­tulo. Desta vez o game foi lançado para plataformas mĂ³veis. HĂ¡ alguns meses servidores ao redor do mundo estavam liberados, e no dia 27 de novembro foi liberado o acesso de brasileiros ao jogo.

Confesso que nĂ£o ouvi falar do novo Grand Chase atĂ© duas semanas antes de seu lançamento. Apareceu como sugestĂ£o de prĂ©-registro na Google Play, fiz minha inscriĂ§Ă£o e compartilhei com outras "viĂºvas" deixadas pelo jogo original, fazendo meu papel de espalhar a palavra. TambĂ©m nĂ£o pesquisei sobre gameplays e afins antes do lançamento de um servidor nacional. 

NĂ£o pesquisar foi uma decisĂ£o consciente por dois motivos: nĂ£o queria tomar spoiler do conteĂºdo e tambĂ©m nĂ£o queria me decepcionar caso nĂ£o atendesse minhas expectativas - que estavam bem altas, diga-se de passagem. Agora, alguns meses depois do lançamento, vamos tentar responder aos poucos a seguinte pergunta: o retorno foi em grande estilo?

O que Ă© legal

Eu seria extremamente injusto se nĂ£o começasse falando da localizaĂ§Ă£o. Pra mim foi o fator marcante no Grand Chase que era habituado a jogar. As falas dubladas, a traduĂ§Ă£o dos menus... Tudo em uma Ă©poca na qual traduzir jogos era algo bem incomum, limitado a traduções nĂ£o oficiais disponibilizadas em fĂ³runs como o Game VĂ­cio. 

E a localizaĂ§Ă£o tambĂ©m estĂ¡ presente na nova versĂ£o. O servidor foi lançado com alguns erros de traduĂ§Ă£o - que os desenvolvedores disseram que vĂ£o corrigir em breve, pois nĂ£o poderiam adiar o lançamento - mas nota-se o esmero na localizaĂ§Ă£o. 

Os personagens tem interações dubladas, os quadrinhos que surgem no enredo estĂ£o traduzidos, tudo como manda o figurino. Tem atĂ© algumas coisinhas que considero extras, como o nome do dublador na ficha de personagem. Definitivamente podemos dizer que a KOG caprichou por aqui.

A trilha sonora tambĂ©m Ă© um ponto a se ressaltar. Ela Ă© ok, e vou usar o clichĂª "cumpre bem seu papel". E o estilo grĂ¡fico tambĂ©m Ă© muito bonito. As animações - de movimentos de personagens a golpes - sĂ£o bem feitas e detalhadas. O estilo cartunesco contribui muito para isso, e a movimentaĂ§Ă£o passa uma enorme sensaĂ§Ă£o de fluidez durante a jogatina.

Para encerrar os pontos positivos, vamos falar da variedade de personagens. SĂ£o dezenas de personagens disponĂ­veis. Eles sĂ£o divididos em classes como Tank, Healer, Archer, Mage e Warrior. Como as missões sĂ£o feitas em grupos com quatro personagens, nĂ£o Ă© possĂ­vel agregar todas as classes em uma Ăºnica equipe, mas podem ser feitas combinações bem interessantes, por sinal.



O que nĂ£o Ă© legal

Vamos ao que me deixou um pouco decepcionado em relaĂ§Ă£o ao jogo em si. A primeira coisa Ă© o estilo gacha. Para quem nĂ£o conhece, esse estilo tem origem nas mĂ¡quinas de gashapon (ou gachapon), que sĂ£o bem populares no JapĂ£o. Nestas mĂ¡quinas vocĂª coloca dinheiro e recebe um boneco de PVC. Nos jogos que usam o estilo, significa que o jogador gasta - moeda do jogo e dinheiro real tambĂ©m - para "invocar" personagens. 

AtĂ© que nĂ£o parece tĂ£o ruim, nĂ£o Ă© mesmo? Se vocĂª nĂ£o estĂ¡ familiarizado com o gĂªnero - bem popular atualmente em grandes franquias portadas para dispositivos mĂ³veis - vou te explicar os motivos de nĂ£o gostar do sistema de gacha. Em Grand Chase os personagens sĂ£o divididos por estrelas e rank de raridade (que vai de B a SR, em ordem crescente de poder). Ao fazer um summon de herĂ³i, hĂ¡ chances de que ele seja de uma classe alta ou baixa. 

Mas Ă© Ă³bvio que essas invocações nĂ£o sĂ£o facilitadas e geralmente exigem uma grande quantidade de moeda especĂ­fica pra isso, que pode ser adquirida com muito esforço ou investindo alguns taokeis. AĂ­ estĂ¡ o pulo do gato: se vocĂª quiser ter um personagem realmente forte precisa gastar muito tempo ou uma bela grana para ter a chance de tentar sortear um herĂ³i bacana. A mecĂ¢nica toda Ă© feita com base em sorte. NĂ£o Ă© algo que me agrada, particularmente, mas que trata-se de uma fĂ³rmula rentĂ¡vel, entĂ£o Ă© compreensĂ­vel a utilizaĂ§Ă£o da mecĂ¢nica de gacha aqui.

A jogabilidade tambĂ©m nĂ£o me agradou muito. Alguns jogos similares, como Bleach: Brave Souls, usam joystick virtual e habilidades clicĂ¡veis com botões emulando um controle tradicional. JĂ¡ no Grand Chase o jogador precisa clicar no local onde quer que os personagens cheguem e clicar e arrastar habilidades. NĂ£o Ă© o fim do mundo, e me lembrou bastante a jogabilidade de Vainglory, mas, como disse ao inĂ­cio do parĂ¡grafo, nĂ£o gostei. No entanto, Ă© possĂ­vel ativar as opções auto move e auto skill, e deixar o jogo se jogar sozinho em missões e atĂ© mesmo no PVP.

Veredito

No fim das contas, podemos avaliar que sim, Grand Chase voltou em grande estilo. Quem tem familiaridade com a lore, conhece personagens e o universo do game, vai gostar bastante do que a KOG fez por aqui. O jogo estĂ¡ disponĂ­vel para Android e iOS

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