segunda-feira, 17 de abril de 2017

Como tem sido minha readaptação ao Linux

Nos idos de 2011 decidi me aventurar pelo maravilhoso mundo das distribuições Linux. À época eu escrevia ativamente no Sleopand e em 2012 cheguei até mesmo a escrever bastante sobre o assunto, inclusive com um tutorial de como personalizar o LXDE e o deixar semelhante ao ambiente gráfico Unity.

Meses depois eu comecei a sentir dificuldades por conta da minha rotina profissional, o que me levou de volta ao Windows. Não faço nada de extraordinário no cotidiano, e trabalhando no ramo da comunicação utilizo bastante a suíte Office, os programas Vegas e Sound Forge para edição de áudio e vídeo, além de sempre recorrer ao pacote Adobe para edição de imagens em lote. À época que me aventurei sentia que a falta de bons substitutos para esses aplicativos atrapalhava e muito minha produtividade diária.

Eis que neste abril de 2017 meu notebook que data de 2013 começou a se estranhar com o já avariado Windows 7. Muitos erros no registro depois e sem grana (e paciência) para fazer um upgrade e instalar o Windows 10, decidi retornar ao glorioso universo Linux, e as coisas evoluíram muito nestes últimos cinco anos.

A opção escolhida foi o Lubuntu 17.04, distribuição derivada do Ubuntu e que utiliza o ambiente gráfico LXDE como padrão. Não necessariamente foi por conta da configuração do notebook, que consegue rodar o sabor principal da distribuição com Unity sem engasgos, mas sim por conta da minha familiaridade com o LXDE (e pela similaridade com o Windows, o que me gera bem menos transtornos na transição).

Oi, meu nome é Lubuntu :)


Instalação

Para quem não sabe, a instalação de distribuições Linux é bem descomplicada. Meu único trabalho foi queimar a ISO da “distro” escolhida em um pendrive, colocar no computador e iniciar o processo.

É algo tão simples que desde quando me aventurei pelo Linux na primeira vez eu destacava: nada de instalação de drivers complicados pós-formatação ou ficar esperando programas encontrarem os drivers da minha placa wireless e baixarem a uma velocidade ridícula. Tudo estava funcionando muito bem logo ao término da instalação.

Em seguida abri o gerenciador de pacotes Synaptic (que funciona como uma loja de aplicativos) para baixar o Chromium (navegador do qual o Chrome é derivado), Audacity (substituto do Sound Forge), Kdenlive (substituto do Vegas), Scribus (aplicativo de diagramação), Gimp (autoexplicativo, mas se você não conhece é alternativo ao Photoshop), Retroarch (front-end para agregar emuladores), Steam e o LibreOffice.

Claro, instalei ainda o pacote Restricted Extras, que traz alguns plugins proprietários de áudio e vídeo, para evitar incompatibilidade de formatos. Obviamente isso pode ser substituído pela simples instalação do VLC, que roda absolutamente TUDO.

Adaptação aos substitutos

Bom, o ambiente gráfico em si não mudou muito desde a última vez que o havia utilizado. Os atalhos continuam nos mesmos lugares, então dor de cabeça é algo que definitivamente não tive. A minha maior adaptação tem sido aos substitutos dos aplicativos que usava anteriormente.

Definitivamente meu maior problema está no uso do Audacity. Enquanto no Sound Forge eu conseguia separar diversos arquivos de áudio no mesmo ambiente de trabalho e tratar separadamente cada um deles sem precisar abrir outra instância do programa, no Audacity isso é praticamente impossível. Cada faixa precisa de uma janela nova aberta, e o caos foi predominante nos primeiros dias de adaptação.

Muita gente usa o Audacity para edição e publicação de podcasts, e eu admiro esses caras por extraírem leite de pedra, porque definitivamente a interface dele não colabora com quem é acostumado a utilizar outras soluções. Busquei algumas alternativas ao programa, porém a maioria foi descontinuada, então optei por me manter nele e ir me adaptando aos poucos. Para a edição de entrevistas e áudios curtos tem funcionando bastante, porém definitivamente abandonei os podcasts por um tempo (sim, este foi um dos motivos do Coração das Cartas ter parado).

A edição de vídeo, por outro lado, não tem sido nada problemática. O Kdenlive tem uma interface que lembra (bem pouco) a do Vegas. Como não uso nada de muito avançado não sofro muito na usabilidade, e tem me atendido de forma excelente. Outro ponto positivo é que apesar de usar muito do processamento ele não esquenta demais o meu computador, pois recentemente eu vinha travando uma violenta batalha com o Vegas, que quase sempre esquentava meu notebook a ponto dele desligar por conta da temperatura.

O Scribus até então foi um dos que me deu um pouco de dor de cabeça. A redação do jornal onde trabalho usa o InDesign pra diagramação. Como todo programa da Adobe, ele tem formato proprietário para edição, e que não é compatível com o Scribus, obviamente. Consegui me adaptar relativamente bem ao software alternativo, porém não posso mais fazer edições do meu computador pessoal, o que é um empecilho e tem me obrigado a concentrar a edição no próprio PC do trabalho. Como esta é a menor parte da minha rotina, não incomoda tanto no fim do dia.

Quanto ao Gimp, tenho sofrido um pouco com ele. Minha maior reclamação no início da década era o fato de ele funcionar em janelas separadas, com cada opção espalhada pela tela. Era definitivamente um caos, mas há alguns anos a equipe de desenvolvimento colocou o modo de janela única para funcionar, uma evolução tremenda e que definitivamente faz a diferença no meu cotidiano. Das edições que tive que fazer não encontrei muitos empecilhos, porém sofri com uma grande perda de tempo ao trabalhar com edição em lotes. O Gimp corta corretamente todas as imagens, mas ainda não encontrei um jeito de carimbar em lote, e quando fui tratar uma galeria de mais de 50 imagens tive que mexer com elas uma a uma. No fim das contas acabei dando a devida atenção a cada foto e tratando os detalhes de cada uma, porém nos dias de maior correria atrapalha bastante ter que ficar mexendo em item por item.

Sobre o Chromium não há muito o que falar. Muitas instituições tem trabalhado para tornar suas aplicações compatíveis com o Linux. Entre as aplicações está a Netflix, que não usava em 2011 mas hoje é totalmente usável. Lembro que quando fazia faculdade a instituição em que estudava fazia streaming das aulas ao vivo pelo Silverlight, e nunca consegui ver as aulas de casa por conta da incompatibilidade. Hoje não estudo mais, então não sei dizer se há compatibilidade plena ou não (até onde sei o plugin caiu muito em desuso, e não sei se ainda respira por aparelhos ou foi morto pela Microsoft). Por falar em navegador, as distribuições geralmente vem com alguma variação do Firefox, porém sempre instalo os derivados do Chrome pela maior compatibilidade com formatos proprietários.

Do LibreOffice não tenho muito o que falar. O programa tem evoluído de forma constante. Meu único problema é o espaçamento entre as linhas no Writer, que destoa bastante do utilizado pelo Word, mas nada que me tire muito tempo para mexer no dia-a-dia. Para ser bem sincero, usava o Word com mais frequência no meu local de trabalho, pois há anos não tenho licença do Office da Microsoft e usava mais o Google Docs em casa.

Games

Um dos calcanhares de aquiles do Linux sempre foi relacionado aos jogos. Inúmeras foram as vezes em que li “não tem jogo” como um dos principais motivos para denegrir a plataforma, mas houve um avanço significativo nesse sentido.

A maior responsável por isso é a Valve, com o SteamOS, que é baseado em Linux e tem incentivado muitos desenvolvedores a lançar seus jogos em multiplataforma. Ainda faltam muitas opções? Sem sombra de dúvidas, porém a maioria (senão todos) dos games que jogo estão por aqui através da Steam. Stardew Valley? Confere. Chroma Squad? Com certeza! Terraria? Também está aí. Don’t Starve e Don’t Starve Together? Absolutamente disponíveis. Há uma variedade de títulos da própria Valve que são compatíveis com Linux, e tudo isso disponível através da Steam.

E esse pinguim, joga ou nem?


A minha biblioteca Steam não é relativamente pequena (tem 250+ títulos disponíveis), e os que uso com mais frequência com certeza estão à minha disposição com um simples clique, evitando a necessidade da instalação do Wine ou PlayOnLinux. Inclusive há sites que dão a opção de download de jogos diretamente pro Linux, dentre eles o GoG.com. Este, aliás, foi o principal para me manter usando o Lubuntu, pois abrir mão da minha biblioteca de jogos seria algo muito doloroso, apesar de não jogar com frequência no computador.

E, como citei alguns parágrafos acima, instalei o RetroArch para emulação de jogos antigos. Não é nada de extraordinário, pois já usava o aplicativo no Windows e sou bem familiarizado a ele. Reconhece meus paralelos de Dualshock perfeitamente e possibilita horas de diversão. No entanto, minha retrojogatina no PC diminuiu muito desde a chegada do meu FunStation, então se não houvesse algo tão intuitivo eu também não enfrentaria problemas.

Conclusão

Anos após ter saído do Linux, não titubeio em concluir que hoje as coisas estão mais fáceis para o usuário final do que nunca. É a opinião de alguém que já era entusiasta da plataforma há algum tempo e que nunca escondeu o descontentamento com a falta de opções em alguns pontos específicos. Hoje, de volta à plataforma, posso dizer que dificilmente vou utilizar outro sistema operacional em meus computadores pessoais se depender única e exclusivamente da minha vontade.


Para essa conclusão pesam diversos fatores, sendo o amadurecimento da comunidade o principal deles, bem como a disponibilidade de soluções que me satisfazem no cotidiano. Outro fator determinante é não precisar piratear o coração do meu computador. Não que eu não gaste com software. Minha biblioteca Steam e os aplicativos que comprei no smartphone são as principais provas disso, mas não pretendo desembolsar uma bela quantia pela licença do Windows 10, fora a tremenda falta de respeito que seria piratear o sistema e os sofwares de uso profissional. As licenças que possuo permanecem guardadas em seus devidos lugares para algum uso futuro, caso necessário, mas sem sombra de dúvidas o Linux é o sistema operacional que passa a imperar no meu cotidiano.

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