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O meu dilema Ă© o mesmo de boa parte da populaĂ§Ă£o: a gente mal tem grana pro mĂªs, pras despesas como Ă¡gua, luz, internet, que dirĂ¡ para aguentar ficar sem salĂ¡rio durante uma pandemia. E aĂ vocĂª se vĂª entre a espada e a espada, porque na perspectiva a curto prazo Ă© morrer de fome ou de Covid-19. AliĂ¡s, nem os nossos governantes sabem o caminho. Pra eles Ă© "foda-se a saĂºde" ou "foda-se a economia", sem meio-termo, sem conciliaĂ§Ă£o.
Agora, somando isso Ă enxurrada de informações (em sua maioria falsas), a ansiedade e angĂºstia começam a andar de mĂ£os dadas e devorar o cĂ©rebro de qualquer ser humano minimamente consciente.
Enquanto escrevo estas linhas, lembro de algumas obras pĂ³s-apocalĂpticas que apreciei hĂ¡ alguns bons anos. A que mais me marcou foi The Last of Us (2013), jogo originalmente lançado para o PlayStation 3. AliĂ¡s, Ă© engraçado como a maioria das obras relacionadas ao fim do mundo abordam sĂ³ o "depois". Sem parar pra pesquisar, Ă© difĂcil lembrar algo que mostre o "durante" ou "antes".
Talvez The Walking Dead (2003) se aproxime disso, jĂ¡ que o protagonista, Rick Grimes, começa a ver a coisa, entra em coma e quando acorda o mundo "acabou", e tanto HQ quanto a sĂ©rie de 2010 focam na sobrevivĂªncia durante o "depois".
É difĂcil responder ao "fim do mundo" quando ele estĂ¡ começando. Talvez por isso seja raro, ou impossĂvel, encontrar obras de entretenimento que abordem isso. Acredito que nĂ£o devo ser o Ăºnico com um profundo desejo de que ocorra um salto temporal, para que possamos analisar os erros e acertos da crise.
Qual a dificuldade de reconstruir a economia depois do fim do mundo? Se ele jĂ¡ acabou mesmo, o que vier Ă© lucro. Mas enquanto o mundo nĂ£o acaba, o que podemos fazer? Quem seguir? AĂ estĂ¡, nĂ£o tem uma receita pronta. E fica cada vez mais difĂcil manter a sanidade.
Se vocĂª, assim como eu, tambĂ©m estĂ¡ repleto de dĂºvidas por conta da pandemia, atĂ© aqui este texto provavelmente nĂ£o estĂ¡ sendo nenhum alento. Mas vamos lĂ¡, o mundo jĂ¡ passou por duas guerras mundiais, por epidemias de H1N1, Ebola, Peste Negra, e uma sĂ©rie de outras desgraças. E, para os cristĂ£os, o dilĂºvio.
Tudo isso, e o mundo continua aqui. NĂ£o estou, de forma alguma, minimizando os estragos da Covid-19. Estou colocando em pauta que outros estragos aconteceram, outras situações colocaram a civilizaĂ§Ă£o como conhecemos em xeque. Talvez o mundo que a gente conhecia tenha de fato acabado, e o pĂ³s-pandemia seja a reconstruĂ§Ă£o da sociedade. O que podemos fazer Ă© tentar continuar seguros, sĂ£os e vivos. E tambĂ©m debater sobre o assunto. Que tal deixar sua opiniĂ£o nos comentĂ¡rios?