domingo, 6 de janeiro de 2019

WiFi Ralph | Uma animaĂ§Ă£o sobre a toxicidade da internet

Lançado em 2013 pela Walt Disney Animation Studios, Detona Ralph foi um longa de animaĂ§Ă£o repleto de referĂªncias a jogos antigos e que fez relativo sucesso, arrecadando quase meio bilhĂ£o de dĂ³lares em bilheteria. A animaĂ§Ă£o faz parte de uma nova leva de propriedades intelectuais da Disney, que, como qualquer empresa, precisa de novidades para se manter relevante no mercado.
Ah, como as pessoas sĂ£o inocentes ao ver a internet pela primeira vez - Walt Disney/ReproduĂ§Ă£o
Como propriedade intelectual que deu certo e poderia virar uma franquia, obviamente Detona Ralph teve uma continuaĂ§Ă£o seis anos depois, e trata-se de WiFi Ralph, lançado neste janeiro de 2019. O primeiro trata da jornada do personagem principal, Ralph (do fictĂ­cio game Fix It, Felix Jr), que visa deixar de ser vilĂ£o para se transformar em herĂ³i. No decorrer da aventura ele conhece Vanellope von Schweetz, protagonista do game Sugar Rush, e ambos acabam virando grandes amigos. A continuaĂ§Ă£o começa com um breve resumo da histĂ³ria do anterior e retoma do ponto onde Ralph e Vanellope continuam amicĂ­ssimos. Desta vez, a dupla deixa a loja de fliperamas de Litwak e vĂ£o em busca de uma peça para consertar e salvar o arcade de Sugar Rush, para que ele nĂ£o seja desligado em definitivo. E aĂ­ começa uma das sĂ¡tiras mais geniais que este redator jĂ¡ viu.

Em Detona Ralph, tudo que Ă© relacionados aos clĂ¡ssicos de fliperamas dos anos 1970 e 1980 acaba virando piada aqui ou ali e atĂ© mesmo um pequeno easter egg. JĂ¡ a sequĂªncia usa uma mĂ¡scara de filme sobre a importĂ¢ncia da amizade para satirizar a internet atual. E como isso Ă© apresentado e desenvolvido? É o que vamos te contar nos prĂ³ximos parĂ¡grafos - sim, com spoilers

Como citei acima, a premissa do filme Ă© de que Ralph e Vanellope vĂ£o Ă  internet para comprar uma peça sobressalente e consertar a mĂ¡quina de Sugar Rush. O primeiro destino deles Ă© uma praça onde fica um buscador que dĂ¡ as respostas para tudo. A partir dali a dupla principal Ă© levada ao eBay, site no qual estĂ¡ a bendita peça. ApĂ³s participar de um leilĂ£o, o ex-vilĂ£o descobre que acabou dando um lance de mais de 27 mil trumps na peça, e nĂ£o faz ideia de onde conseguir essa grana toda. A primeira tentativa de levantar o dinheiro ocorre dentro de um jogo, Corrida do Caos, onde a dupla precisa conseguir um carro super raro do game para vendĂª-lo e conquistar uma bela quantidade de dĂ³lares. É a primeira referĂªncia a um submercado da internet, o de compra e venda de itens cosmĂ©ticos em jogos, as chamadas micro-transações.

Em dado momento a ideia de conseguir o tal carro Ă© descartada, e uma personagem apresenta a Ralph e Vanellope uma ~maneira fĂ¡cil~ de conseguir dinheiro na internet, que Ă© gravar vĂ­deos sem conteĂºdo algum para publicaĂ§Ă£o na plataforma fictĂ­cia BuzzTube. AĂ­ entra uma boa parte do filme que Ă© focada na crĂ­tica ao conteĂºdo - ou Ă  falta de qualidade dele - na internet. Ralph ganha rios de dinheiro ao publicar vĂ­deos cada vez mais idiotas, seja fazendo piadas ruins com abelhas, memes sem graça, receitas que dĂ£o errado e qualquer outro tipo de vĂ­deo que viralize. HĂ¡ atĂ© uma cena bem bacana nessa parte, em um escritĂ³rio, onde um personagem estĂ¡ cansado de ver mais do mesmo na internet, mas acaba se interessando pelas publicações do protagonista, que no fim das contas sĂ£o as mesmas piadas que ele havia visto anteriormente, mas apresentadas por outra pessoa.
A animaĂ§Ă£o conta com aparições de diversos personagens de clĂ¡ssicos da Disney - Walt Disney/ReproduĂ§Ă£o
Claro que os rios de dinheiro nĂ£o sĂ£o fĂ¡ceis de conseguir. Ralph espalha links em toda a internet para atrair a audiĂªncia, que Ă© cada vez mais sedenta por novidades. AlĂ©m disso, a grande quantidade de likes recebidos por ele gera uma renda enorme Ă  plataforma que mantĂ©m os vĂ­deos, mas um pequeno percentual dessa renda volta para o protagonista. É justamente o que acontece na vida real, nĂ£o? Outro momento interessante ocorre em uma cena na qual Ralph acessa a seĂ§Ă£o de comentĂ¡rios da internet, e se depara com o Ă³dio exacerbado e sem motivo dos seres humanos. A dona do BuzzTube, que atende pelo nome de Yesss, explica ao ex-vilĂ£o que a regra nĂºmero um da internet Ă© nunca, em hipĂ³tese alguma, ler a caixa de comentĂ¡rios de qualquer conteĂºdo. "O problema nĂ£o estĂ¡ em vocĂª, Ralph, mas sim neles" dispara a personagem, referindo-se diretamente Ă  crueldade com que os internautas tratam tudo e todos - e o exagero com que reagem a qualquer pequena polĂªmica tambĂ©m.

Claro, o plot principal nĂ£o fica apenas nisso, e a dupla de personagens principais consegue resolver a treta inicial toda, com um fim falando sobre o amadurecimento deles. Mas decidi me ater Ă s referĂªncias de internet aqui por um motivo, pois acredito que a reflexĂ£o sobre a toxicidade online seja a principal mensagem da animaĂ§Ă£o. Fica Ă³bvio principalmente pelo nome do filme, que Ă© WiFi Ralph, mas o long deixa algumas mensagens bem claras sobre tudo que ocorre na internet. Uma anĂ¡lise interessante a respeito disso foi feita por Helton Simões Gomes, no UOL, sob o tĂ­tulo "WiFi Ralph" traz 10 lições e uma escorregada sobre a internet - a anĂ¡lise fala sobre alguns dos pontos que citei acima e vai alĂ©m, tocando em questões como as bolhas existentes na web e tambĂ©m o papel dos algoritmos no posicionamento de conteĂºdo online.

Essa genialidade toda em satirizar a internet e apontar a toxicidade da convivĂªncia online tem um preço, no entanto. Para focar no ambiente web, WiFi Ralph deixa de lado toda a mitologia apresentada no primeiro filme (como a regra principal de um personagem nĂ£o poder deixar seu jogo durante o horĂ¡rio de expediente, por exemplo), alĂ©m de outros personagens que poderiam ser desenvolvidos um pouco mais ou ter alguns minutos a mais de tela. Ao mesmo tempo, a sensaĂ§Ă£o que fica Ă© de que a questĂ£o da internet poderia ter sido muito mais aprofundada e a animaĂ§Ă£o deixa a desejar tambĂ©m nesse aspecto. WiFi Ralph poderia ter sido muito mais, porĂ©m talvez acabe tendo uma sequĂªncia que continue a abordar o que foi proposto no longa e tambĂ©m dĂª atenĂ§Ă£o ao universo criado pela franquia.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Mercado CrĂ©dito | O "modo carnĂª" do Mercado Livre

Se tem algo que brasileiro adora fazer (ou muitas vezes faz porque Ă© a Ăºnica alternativa possĂ­vel) Ă© comprar parcelado. Pagar no famoso carnĂª com parcelinhas a perder de vista Ă© um costume muito antigo em terras tupiniquins, mas o carnĂª Ă© algo praticamente inexistente em lojas online. Pelo menos era, atĂ© a Ăºltima semana.

Mercado Livre, uma das maiores marketplaces do Brasil, começou recentemente a testar o Mercado CrĂ©dito. Trata-se de uma espĂ©cie de carnĂªzinho do site, que possibilita aos clientes parcelar a compra de itens com preço variando de R$ 75 a R$ 400 e pagar essas parcelas no boleto. É uma mĂ£o na roda para clientes que nĂ£o tem cartĂ£o de crĂ©dito. Como citei acima, trata-se ainda de um projeto em fase de testes, e nem todos os usuĂ¡rios cadastrados no site tem limite disponĂ­vel. VocĂª pode checar seu limite clicando aqui.
Meu limite Ă© de R$ 400 atualmente. Como o Mercado Livre sabe que estou de olho na Mi Band 3, jĂ¡ sugeriram ela

A opĂ§Ă£o nĂ£o estĂ¡ habilitada para todos, e, de acordo com o Mercado Livre, Ă© questĂ£o de tempo atĂ© que chegue aos usuĂ¡rios cadastrados na plataforma. Para quem jĂ¡ conta com o Mercado CrĂ©dito habilitado, hĂ¡ algumas limitações impostas por "motivos de segurança": ainda nĂ£o Ă© possĂ­vel parcelar no boleto compras de cartões prĂ©-pagos para jogos, cartões Xbox Live e PSN, moedas virtuais, joias, bijuterias e poker.

Juros

Nem tudo que reluz Ă© ouro, no entanto. Como ocorre no carnĂª tradicional, o Mercado CrĂ©dito cobra juros por conta do parcelamento. NĂ£o cheguei a fazer simulaĂ§Ă£o de compra, mas o canal Compra Segura, no YouTube, afirma que um produto de R$ 182,99 pode acabar saindo por R$ 317,76 ao ser parcelado em doze vezes. Na simulaĂ§Ă£o feita pelo canal, a taxa de juros ficou em 6,6% ao mĂªs em duas parcelas e 4,7% ao mĂªs em doze parcelinhas. Ou seja, usando o Mercado CrĂ©dito vocĂª paga o preço de dois produtos ao comprar um parcelado. Mas, se adiantar o pagamento, Ă© possĂ­vel receber desconto nas parcelinhas.

Compensa?

Como sempre, cabe ao consumidor decidir se essa modalidade de parcelamento compensa. Pra quem nĂ£o tem cartĂ£o de crĂ©dito Ă© uma mĂ£o na roda, e a estratĂ©gia Ă© excelente para impulsionar a venda de produtos que tem preço acima de R$ 120 (e que por consequĂªncia tem frete grĂ¡tis na plataforma). Como alguĂ©m que usa frequentemente o Mercado Livre, acredito que tenha sido uma boa. Outros marketplaces podem acabar entrando na onda e facilitando a vida dos consumidores no geral.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

O retorno de Grand Chase | Foi em grande estilo?


Grand Chase foi por muitos anos um dos jogos mais populares no Brasil. Desenvolvido e publicado pela KOG no resto do mundo, em terras tupiniquins o game era mantido pela Level Up Games.

Houve todo um cuidado com a localizaĂ§Ă£o do jogo, que recebeu atĂ© dublagem durante seus quase dez anos de atividade. O esmero na localizaĂ§Ă£o explica o carinho especial dos brasileiros por Grand Chase e tambĂ©m a decepĂ§Ă£o de muitos quando em 2015 foi anunciado o fim do jogo. Rumores dĂ£o conta de que na Ă©poca atĂ© houve esforço da LUG para adquirir os direitos do game, mas a KOG se negou a vendĂª-los.

Desde sua morte oficial, Grand Chase nĂ£o foi esquecido. No Brasil o jogo recebeu diversos servidores piratas, mas que nĂ£o tinham novos personagens e que acabavam enjoando os jogadores. Mas eis que chega 2018 e a KOG anuncia o retorno do tĂ­tulo. Desta vez o game foi lançado para plataformas mĂ³veis. HĂ¡ alguns meses servidores ao redor do mundo estavam liberados, e no dia 27 de novembro foi liberado o acesso de brasileiros ao jogo.

Confesso que nĂ£o ouvi falar do novo Grand Chase atĂ© duas semanas antes de seu lançamento. Apareceu como sugestĂ£o de prĂ©-registro na Google Play, fiz minha inscriĂ§Ă£o e compartilhei com outras "viĂºvas" deixadas pelo jogo original, fazendo meu papel de espalhar a palavra. TambĂ©m nĂ£o pesquisei sobre gameplays e afins antes do lançamento de um servidor nacional. 

NĂ£o pesquisar foi uma decisĂ£o consciente por dois motivos: nĂ£o queria tomar spoiler do conteĂºdo e tambĂ©m nĂ£o queria me decepcionar caso nĂ£o atendesse minhas expectativas - que estavam bem altas, diga-se de passagem. Agora, alguns meses depois do lançamento, vamos tentar responder aos poucos a seguinte pergunta: o retorno foi em grande estilo?

O que Ă© legal

Eu seria extremamente injusto se nĂ£o começasse falando da localizaĂ§Ă£o. Pra mim foi o fator marcante no Grand Chase que era habituado a jogar. As falas dubladas, a traduĂ§Ă£o dos menus... Tudo em uma Ă©poca na qual traduzir jogos era algo bem incomum, limitado a traduções nĂ£o oficiais disponibilizadas em fĂ³runs como o Game VĂ­cio. 

E a localizaĂ§Ă£o tambĂ©m estĂ¡ presente na nova versĂ£o. O servidor foi lançado com alguns erros de traduĂ§Ă£o - que os desenvolvedores disseram que vĂ£o corrigir em breve, pois nĂ£o poderiam adiar o lançamento - mas nota-se o esmero na localizaĂ§Ă£o. 

Os personagens tem interações dubladas, os quadrinhos que surgem no enredo estĂ£o traduzidos, tudo como manda o figurino. Tem atĂ© algumas coisinhas que considero extras, como o nome do dublador na ficha de personagem. Definitivamente podemos dizer que a KOG caprichou por aqui.

A trilha sonora tambĂ©m Ă© um ponto a se ressaltar. Ela Ă© ok, e vou usar o clichĂª "cumpre bem seu papel". E o estilo grĂ¡fico tambĂ©m Ă© muito bonito. As animações - de movimentos de personagens a golpes - sĂ£o bem feitas e detalhadas. O estilo cartunesco contribui muito para isso, e a movimentaĂ§Ă£o passa uma enorme sensaĂ§Ă£o de fluidez durante a jogatina.

Para encerrar os pontos positivos, vamos falar da variedade de personagens. SĂ£o dezenas de personagens disponĂ­veis. Eles sĂ£o divididos em classes como Tank, Healer, Archer, Mage e Warrior. Como as missões sĂ£o feitas em grupos com quatro personagens, nĂ£o Ă© possĂ­vel agregar todas as classes em uma Ăºnica equipe, mas podem ser feitas combinações bem interessantes, por sinal.



O que nĂ£o Ă© legal

Vamos ao que me deixou um pouco decepcionado em relaĂ§Ă£o ao jogo em si. A primeira coisa Ă© o estilo gacha. Para quem nĂ£o conhece, esse estilo tem origem nas mĂ¡quinas de gashapon (ou gachapon), que sĂ£o bem populares no JapĂ£o. Nestas mĂ¡quinas vocĂª coloca dinheiro e recebe um boneco de PVC. Nos jogos que usam o estilo, significa que o jogador gasta - moeda do jogo e dinheiro real tambĂ©m - para "invocar" personagens. 

AtĂ© que nĂ£o parece tĂ£o ruim, nĂ£o Ă© mesmo? Se vocĂª nĂ£o estĂ¡ familiarizado com o gĂªnero - bem popular atualmente em grandes franquias portadas para dispositivos mĂ³veis - vou te explicar os motivos de nĂ£o gostar do sistema de gacha. Em Grand Chase os personagens sĂ£o divididos por estrelas e rank de raridade (que vai de B a SR, em ordem crescente de poder). Ao fazer um summon de herĂ³i, hĂ¡ chances de que ele seja de uma classe alta ou baixa. 

Mas Ă© Ă³bvio que essas invocações nĂ£o sĂ£o facilitadas e geralmente exigem uma grande quantidade de moeda especĂ­fica pra isso, que pode ser adquirida com muito esforço ou investindo alguns taokeis. AĂ­ estĂ¡ o pulo do gato: se vocĂª quiser ter um personagem realmente forte precisa gastar muito tempo ou uma bela grana para ter a chance de tentar sortear um herĂ³i bacana. A mecĂ¢nica toda Ă© feita com base em sorte. NĂ£o Ă© algo que me agrada, particularmente, mas que trata-se de uma fĂ³rmula rentĂ¡vel, entĂ£o Ă© compreensĂ­vel a utilizaĂ§Ă£o da mecĂ¢nica de gacha aqui.

A jogabilidade tambĂ©m nĂ£o me agradou muito. Alguns jogos similares, como Bleach: Brave Souls, usam joystick virtual e habilidades clicĂ¡veis com botões emulando um controle tradicional. JĂ¡ no Grand Chase o jogador precisa clicar no local onde quer que os personagens cheguem e clicar e arrastar habilidades. NĂ£o Ă© o fim do mundo, e me lembrou bastante a jogabilidade de Vainglory, mas, como disse ao inĂ­cio do parĂ¡grafo, nĂ£o gostei. No entanto, Ă© possĂ­vel ativar as opções auto move e auto skill, e deixar o jogo se jogar sozinho em missões e atĂ© mesmo no PVP.

Veredito

No fim das contas, podemos avaliar que sim, Grand Chase voltou em grande estilo. Quem tem familiaridade com a lore, conhece personagens e o universo do game, vai gostar bastante do que a KOG fez por aqui. O jogo estĂ¡ disponĂ­vel para Android e iOS

Pesquisar este blog

Tecnologia do Blogger.

PĂ¡ginas

Posts Populares