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Eis o bichim Moto E4 |
Antes de prosseguir para o review vamos a um (não tão) breve
resumo da linha temporal de meus últimos smartphones e que levou ao atual: em
2014 adquiri o primeiro Moto E, lançamento à época, e alguns meses depois a
tela “queimou” no meu bolso – ela não deixou de funcionar, apenas uma parte
dela ficou amarelada por conta da mancha. Em 2016 o aposentei por alguns meses
enquanto curtia um iPhone 4, repassado posteriormente ao meu irmão mais novo, o
que me fez voltar ao Moto E original. Neste ano, em meados de junho, acabei por
me tornar dono de um Moto E2 de forma temporária, após trocar de telefone com
outro de meus irmãos, e há duas semanas finalmente consegui comprar um novo
espertofone.
Havia uma série de opções disponíveis, e o meu orçamento é
para modelos de faixa de entrada, então após uma breve pesquisa acabei
decidindo ficar na família Motorola, o que me levou ao Moto E4 – no meio do
trajeto houve quem se esgoelasse em tópicos no Facebook digitando “IMPORTE, NÃO
DÊ SEU DINHEIRO AOS PORCOS CAPITALISTAS BRASILEIROS, COMPRE UM XIAOMI, HWAUEI,
QUALQUER OUTRA MARCA GENÉRICA”, mas não era uma opção para minha pessoa no
momento e acabei até bloqueando alguns “pastores da igreja de Xiaomi”, então
esse debate fica para outro post.
Enfim, o Moto E4 foi lançado em junho no Brasil por R$ 849,
valor que caiu com o passar do tempo (é um fenômeno notável o quanto os
Androids desvalorizam poucas semanas após entrarem no mercado, chega a ser
absurdo). O aparelho veio com duas variantes, sendo uma “comum” e a outra a
versão “Plus”, com uma bateria absurda que promete durar até dois dias longe da
tomada.
Pelo preço eu acabei optando pela variante comum, que tem especificações
técnicas razoáveis. Essa variante tem tela de cinco polegadas com resolução HD,
duas câmeras (uma de oito e a outra de cinco mega pixels), 16GB de
armazenamento interno, 2GB de RAM e processador Mediatek MT6737 quad-core de
1,3 GHz, além da bateria de 2.8000 mAH e o Android 7.1.1 Nougat. O que mais me
atraiu, aliás, foi o sensor biométrico, que tem suporte a gestos (algo que
vamos falar mais abaixo). Depois de vários dias de uso acredito, portanto, que
seja a hora perfeita para detalhar toda a minha experiência usando o aparelho
até então.
Memória e
processamento

A memória RAM de 2GB também é um alívio. Só o sistema ocupa
metade dela, porém dá pro gasto no uso diário.
Quanto ao conjunto CPU/GPU, tenho que ser realista e dizer
que não é dos melhores, mas já esperava para algo da faixa de entrada. Tenho
muito preconceito com Mediatek por conta de experiências passadas, e devo dizer
que o processador não decepcionou a opinião que eu tinha. Ele tem um desempenho
consistente no uso de aplicativos como Facebook, Twitter, Docs e afins, mas nos
jogos acaba variando muito. Vainglory, por exemplo, que exige um baita
desempenho, roda sem engasgo algum e mesmo quando tem uma saraivada de
habilidades, golpes, heróis, minions e afins na tela o smartphone aguenta bem.
Já em jogos relativamente mais simples, como Clash Royale, há um lag absurdo.
Isso é algo bem estranho e acredito que talvez a inconsistência seja mais culpa dos desenvolvedores de cada aplicativo do que o processador. Testei alguns games como Need For Speed No Limits, Horizon Chase, Torneio de Campeões, Marvel Future Fight e outros, e nenhum deles teve engasgo ou lag durante a jogatina, diferente que aconteceu com o Clash Royale.
Outro ponto em que vi o processamento falhar é na execução
de músicas. Se eu deixo o Play Musica tocando enquanto o telefone está
bloqueado ele dá algumas engasgadas vez ou outra. Quando acendo a tela para
trocar para a próxima faixa há uma certa demora na resposta. O reprodutor de
músicas leva pelo menos dez segundos para passar à próxima faixa. Mesmo quando
reproduzo podcasts há engasgos feios. Chuto que talvez isso possa ser
influenciado pela “Moto Tela”, que faz o smart acender enquanto está no bolso,
e cada vez que a tela acende para mostra alguma notificação ele “para pra dar
uma pensada”.
Observação: Enquanto fiz o review estava usando o tocador do Play Musica, mas alguns dias antes de publicar troquei para outro (o Poweramp, além de ter usado posteriormente o Casse-O Player), que não apresentou o mesmo problema de lentidão na troca de música e engasgos. Ele fluiu normalmente, então possivelmente essa parte seja realmente falta de otimização do player da Google.
Biometria
Tá aí um ponto que me influenciou bastante – além do preço –
na compra do Moto E4: ele tem um sensor biométrico com suporte a gestos/ações.
Na prática isso permite que eu desabilite os botões virtuais do Androide e use
a navegação toda apenas com gestos no sensor. Essa parte funciona muito bem, e
já até desacostumei dos botões virtuais.
Quanto à funcionalidade do sensor para o reconhecimento de
digitais, achei bem “ok”. Li algumas análises falando sobre taxa de erros e
acertos, mas o sensor raramente erra. Até cheguei a contar a porcentagem de
erro, e dá pra dizer que duas em dez tentativas de uso não dão certo. Nas
outras oito ele desbloqueia o aparelho de primeira.
Software
Uma das atitudes louváveis da Motorola/Lenovo na era
pós-Google é a utilização do Android semi-puro em seus aparelhos. O Moto E4 vem
com o conjunto de aplicativos padrão e alguns adicionais como um manual
virtual, o app “Moto”, que é justamente o que deixa mexer em coisas como a Moto
Tela ou as funções adicionais.
Ponto positivo também na escolha do Android 7.1.1, mais
recente até a época de lançamento do smartphone. No entanto o software tem alguns
problemas que acabam afetando bastante no uso diário.
A impressão que tenho é de há alguns pontos que precisam de
mais otimização. Convivo recentemente com um bug muito chato, que é o relógio
da barra de notificações ficar travado no visual. Às vezes ele fica “travado”
em um mesmo horário, exibindo 10:50, por exemplo, enquanto o widget de relógio
e o timer da tela de bloqueio apontam que já são 11h. O bug só se resolve
quando reinicio o aparelho. Até por conta desse problema acabei mantendo o
widget de relógio na tela inicial – não gosto essa redundância de dois relógios na
mesma tela, mas agora sou obrigado a mantê-los.
O WhatsApp também volta e meia mantém uma notificação
irritante de “Procurando novas mensagens”, mesmo que a conexão esteja fluindo
bem. Notificação, aliás, que não consigo deslizar para que desapareça. Outro
problema que só se resolve com reinicialização.
Câmera
Está aí um ponto que pode acabar incomodando mais outras
pessoas do que gente como eu. Sempre fui acostumado com celulares de entrada e
câmeras extremamente insatisfatórias, então não esperava nada do conjunto usado
no Moto E4. Nos meus testes o desempenho de ambas as câmeras foi até acima do
esperado. A câmera frontal tem até mesmo um “Modo Beauty” pra dar aquela
caprichada na hora da selfie, mas não é nada agressivo – ponto positivo aqui.
A câmera traseira tem um foco bem lento, o que exige certa
paciência pra bater uma foto bacana. Entre as (poucas) opções de modo de câmera
está o HDR, que na teoria deveria bater várias fotos da mesma cena e misturar
tudo em uma imagem perfeita. Na prática, esse modo não funciona como deveria em
muitas situações. Só para fins comparativos vou colocar abaixo a foto da mesma
cena tirada com e sem HDR:
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Foto sem HDR |
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Foto com HDR |
É possível ver que sem o HDR ficou relativamente melhor e até mesmo menos tremido. No geral tenho usado mais o modo manual, que atende bem.
No quesito gravação de vídeos não há muito o que comentar. A
câmera principal grava em até 720p, não conta com estabilização e está dentro
do esperado para a faixa de entrada. A conclusão é que se você gosta de câmera,
talvez o Moto E4 não seja pra você.
Outras considerações
Tem alguns pontos antes da conclusão que eu gostaria de
abordar:
- Achei o microfone dele relativamente baixo se comparado a concorrentes. Talvez seja a minha chatice por trabalhar com áudio, e definitivamente não é algo que vai interferir no uso diário.
- A tela do Moto E4 é boa. Ela pode acabar refletindo bastante no sol, e as cores não ficam muito distorcidas em ângulos de visão não convencionais.
- Tem outro ponto que até o momento não vi nenhuma análise abordar: absolutamente TODAS as películas de vidro que testei nele ficaram com um aspecto de “ar” nas bordas. Dei uma pesquisada mais afundo e descobri que é pelo fato da tela ser levemente curvada mais próximo das bordas, e por isso há esse comportamento. Até nos fóruns gringos, como XDA Developers, os usuários reclamam bastante desse “halo effect”. Encontrei no Mercado Livre uma película de gel (?) cujo vendedor afirma que cobre a tela totalmente e por ser de um material mais flexível não deixa esse efeito. De qualquer forma a tela tem Gorila Glass 3, que em teoria é resistente a riscos, mas a película eu acabei aplicando por precaução mesmo.
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Já até me acostumei com o aspecto de "ar" deixado pela película |
Conclusão
Há quem diga que de fato existem muitas opções melhores que o Moto E4 no mercado. A própria variante "Plus" tem tela relativamente maior e uma bateria monstra, que pode resolver ainda melhor. Quando foi lançado, o aparelho concorria em preço com o Moto G5, mas na publicação deste post já é possível encontrá-lo na faixa de R$ 600, ou até menos, o que faz com que seja uma solução bem em conta, diga-se de passagem.
Vindo de quem sempre esteve na família Moto E, posso dizer que houve um avanço considerável na construção do E4, e certamente recomendo a compra se o seu objetivo é usar muitas redes sociais e joguinhos aqui e ali. Não sou o que chamam de hard user, mas dependo muito do smartphone no dia-a-dia, e o Moto E4 tem sido bem útil. Se você considera a compra e ainda está em dúvida, a minha conclusão é de que definitivamente vale investir uma grana nele.
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