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Ah, como as pessoas são inocentes ao ver a internet pela primeira vez - Walt Disney/Reprodução |
Em Detona Ralph, tudo que é relacionados aos clássicos de fliperamas dos anos 1970 e 1980 acaba virando piada aqui ou ali e até mesmo um pequeno easter egg. Já a sequência usa uma máscara de filme sobre a importância da amizade para satirizar a internet atual. E como isso é apresentado e desenvolvido? É o que vamos te contar nos próximos parágrafos - sim, com spoilers.
Como citei acima, a premissa do filme é de que Ralph e Vanellope vão à internet para comprar uma peça sobressalente e consertar a máquina de Sugar Rush. O primeiro destino deles é uma praça onde fica um buscador que dá as respostas para tudo. A partir dali a dupla principal é levada ao eBay, site no qual está a bendita peça. Após participar de um leilão, o ex-vilão descobre que acabou dando um lance de mais de 27 mil trumps na peça, e não faz ideia de onde conseguir essa grana toda. A primeira tentativa de levantar o dinheiro ocorre dentro de um jogo, Corrida do Caos, onde a dupla precisa conseguir um carro super raro do game para vendê-lo e conquistar uma bela quantidade de dólares. É a primeira referência a um submercado da internet, o de compra e venda de itens cosméticos em jogos, as chamadas micro-transações.
Em dado momento a ideia de conseguir o tal carro é descartada, e uma personagem apresenta a Ralph e Vanellope uma ~maneira fácil~ de conseguir dinheiro na internet, que é gravar vídeos sem conteúdo algum para publicação na plataforma fictícia BuzzTube. Aí entra uma boa parte do filme que é focada na crítica ao conteúdo - ou à falta de qualidade dele - na internet. Ralph ganha rios de dinheiro ao publicar vídeos cada vez mais idiotas, seja fazendo piadas ruins com abelhas, memes sem graça, receitas que dão errado e qualquer outro tipo de vídeo que viralize. Há até uma cena bem bacana nessa parte, em um escritório, onde um personagem está cansado de ver mais do mesmo na internet, mas acaba se interessando pelas publicações do protagonista, que no fim das contas são as mesmas piadas que ele havia visto anteriormente, mas apresentadas por outra pessoa.
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A animação conta com aparições de diversos personagens de clássicos da Disney - Walt Disney/Reprodução |
Claro, o plot principal não fica apenas nisso, e a dupla de personagens principais consegue resolver a treta inicial toda, com um fim falando sobre o amadurecimento deles. Mas decidi me ater às referências de internet aqui por um motivo, pois acredito que a reflexão sobre a toxicidade online seja a principal mensagem da animação. Fica óbvio principalmente pelo nome do filme, que é WiFi Ralph, mas o long deixa algumas mensagens bem claras sobre tudo que ocorre na internet. Uma análise interessante a respeito disso foi feita por Helton Simões Gomes, no UOL, sob o título "WiFi Ralph" traz 10 lições e uma escorregada sobre a internet - a análise fala sobre alguns dos pontos que citei acima e vai além, tocando em questões como as bolhas existentes na web e também o papel dos algoritmos no posicionamento de conteúdo online.
Essa genialidade toda em satirizar a internet e apontar a toxicidade da convivência online tem um preço, no entanto. Para focar no ambiente web, WiFi Ralph deixa de lado toda a mitologia apresentada no primeiro filme (como a regra principal de um personagem não poder deixar seu jogo durante o horário de expediente, por exemplo), além de outros personagens que poderiam ser desenvolvidos um pouco mais ou ter alguns minutos a mais de tela. Ao mesmo tempo, a sensação que fica é de que a questão da internet poderia ter sido muito mais aprofundada e a animação deixa a desejar também nesse aspecto. WiFi Ralph poderia ter sido muito mais, porém talvez acabe tendo uma sequência que continue a abordar o que foi proposto no longa e também dê atenção ao universo criado pela franquia.
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